O incolor Tsukuru Tazaki e seus anos de peregrinação, de Haruki Murakami

 



“Nem tudo se perdeu no fluxo do tempo.” 

 

Este é um dos livros menos conhecidos e comentados de Murakami, porém não menos importante.

Narrado em terceira pessoa, nós conheceremos um personagem chamado Tsukuru Tazaki, um homem por volta de trinta e cinco anos, solitário, porém com uma relação ora amorosa, ora de amizade com Sarah, uma mulher independente e inteligente. Aos poucos Murakami nos apresenta o passado deste personagem, que leva o leitor a entender aspectos de sua personalidade atual. Entre eles, a amizade inseparável com quatro amigos dos quais são descritos cada qual com uma cor, em razão de seus sobrenomes, sendo eles Branca, Preta, Vermelho e Azul. A princípio, pode parecer uma simples amizade de Ensino Médio que dissipou-se com os anos, mas depois entendemos que tudo é um pouco mais complexo do que imagina-se.

Enquanto lia este livro, identifiquei-me bastante com o personagem principal, Tsukuro, em razão de sua melancolia e solidão. Além disso, a forma como o passado é trabalhado nesta narrativa tende para um viés de que todos somos assaltados, um momento ou outro, pelo nosso passado e a forma como sua visita nos mostra ele não está tão morto quanto queríamos que estivesse e seus resquícios ainda causa muitas dores. 

Ademais, não apenas esse livro, mas uma boa parte dos enredos criados por Murakami, são materiais literários até mesmo para a psicologia, visto que tem-se a questão de sonhos, o próprio resgate do passado – o famigerados gatilhos - , personagens tentando encontrar-se ao longo da narrativa dentre outros fatores. Ainda sobre sonhos, assim como uma boa parte de suas obras, terão muitos, mas muitos elementos surrealistas, dos quais, particularmente, gosto bastante, por dar espaço para cada leitor ter maior liberdade de interpretação.

Assim como tudo que já li do autor, é uma leitura leve, tranquila, com bonitas reflexões e repleta de frases de impacto; portanto, se você gosta de anotar em livros, prepare a lapiseira e as notas adesivas.

 

Cuidado com as entrelinhas e até a próxima resenha.

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