A elegância do ouriço, de Muriel Barbery
“A sra. Michel tem a elegância do ouriço: por fora, é crivada de espinhos, uma verdadeira fortaleza, mas tenho a intuição de que dentro é tão simplesmente requintada quanto os ouriços, que são uns bichinhos falsamente indolentes, ferozmente solitários e terrivelmente elegantes.”
Provavelmente, um dia você subestimou uma obra, seja um filme,
um livro, uma peça de teatro, uma pessoa, um jogo ou qualquer uma dessas
trivialidades e surpreendeu-se depois de experimentar. Este é o meu caso com
este livro, o qual o adquiri pelo pegue, leve e leia, muito comum nas
bibliotecas aqui de São Paulo, porém o subestimei bastante e cá estou eu,
arrependida por não ter conhecido a Renée, uma das personagens mais incríveis
das quais pude conhecer.
A história é narrada sob dois pontos de vista, uma pela zeladora
de um prédio chamada Renée, uma mulher que a primeira impressão que passa aos
moradores nada mais do que uma pessoa simples e nada em especial. O que eles
não sabem é que Renée é uma ávida leitora, auto-didata, crítica com tudo em
todos a seus redor e com diversos conhecimentos acadêmicos através de seus
livros didáticos. Paralelamente temos os relatos de Paloma Jesse, através de
seus comentários ácidos em seu diários, que inclusive sabemos que ela planeja
suicidar-se em uma data determinada por ela mesma. Ela é uma jovem de doze
anos, moradora do prédio em que Renée trabalha, apaixonada pela cultura
japonesa – mangás, em específico. Ambas estão próximas, mas distantes ao mesmo
tempo por causa de suas diferentes condições sociais. Entretanto, conforme avançamos a leitura, percebemos que ambas têm muito mais em comum do que nem elas mesmas imaginariam.
É um livro que nos mostra o quanto o ensinamento
acadêmico e escolar é importante e necessário, mas o conhecimento que você
adquire fora deste mundo, além das aulas e materiais, são fundamentais para o
desenvolvimento mais completo de uma pessoa culturalmente. Muitos enxergam o
auto-didatismo como algo subestimado, porém, depois de alguns anos, concluo que
a prática é ideal para todos, visto que mesmo com o conjunto professor mais
aula, uma boa parte de nosso desenvolvimento cultural e intelectual dá-se a
partir do que fazemos fora desse nicho. Se eu pudesse resumir este livro, eu diria que Renée nos
mostra que, limitar-se apenas aos seus deveres e trabalhos habituais não são o suficientes e, colocar leituras,
filmes e conhecimentos extras que o façam perceber que adquirir conhecimento não é algo horrível, mas sim uma
diversão infinita. Além disso, não é porque uma pessoa é formada ou estuda
determinado assunto é, de fato um gênio, os gênios não estão apenas em
Universidades.
Enfim, um dos melhores livros que li até agora, talvez o melhor.
Vocês precisam conhecer Paloma e Renée. Estou apaixonada por ambas.
Mais do que recomendado.
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