Androides não choram, de Mauro Judice

 


“-A ironia é o sorriso dos tristes.”

“Creio que homem nenhum se isolou do mundo, mas foi isolado pelo mundo, que não vê graça naqueles que buscam sua total integridade. Mas todo o ser é só. Absolutamente só. A diferença é que o indivíduo integral aceita esta realidade. E ama esta realidade. De todo o coração!”

 

Para quem acha que ficção cientifica não existe na literatura brasileira, engana-se. Este é um exemplo de um livro instigante e um pouco diferente.

O enredo se passa em uma sociedade formada apenas por androides, trezentos anos depois de uma pandemia assolar a terra e acabar com a população humana (olha isso). Dessa forma, esses robôs tem como referência aos humanos apenas por histórias e registros antigos – papeis, vídeos, dentre outros meios dos quais utilizamos hoje. Além disso, por não terem conflitos, são considerados uma sociedade perfeita.

Entretanto, sobreviveu apenas uma humana, Djogai, a qual transmitirá a religião, fé, espírito, alma, dos quais são elementos desconhecidos pelos andróides. Ademais, esses aspectos é o que farão muitos terem inveja de Djogai, enquanto outros juntarão-se a ela para terem maior conhecimento a respeito desse mundo o qual não tem idéia do que pode ser, de fato. É partir de então, que teremos todo o clímax da história, porque os andróides que passam a andar com Djogai, também começam a apresentar comportamentos mais revolucionários e também a questionarem-se se essa sociedade andróide é tão completa e satisfatória quanto aparenta.

Esse também foi um livro que demorei um tempo para ler, mesmo que achasse o título bonito. Entretanto, foi ótimo lê-lo neste momento, pois tudo encaixa-se perfeitamente, visto que o motivos do sumiço dos humanos da Terra ter sido por conta de uma pandemia, faz pensar se não é o nosso destino também, em breve. Além do mais, a ficção cientifica é bem presente, como por exemplo andróides terem tudo, menos a capacidade de sentir, faz refletir sobre nossa sociedade, incluindo a nós, se isso é algo apenas com os andróides ou se, de certa forma, nós estamos nos transformando em máquinas também, até porque a dificuldade em sentir também nos tornam robôs, de certa maneira. Neste contexto, a forma como a humana, Djogai, foi trabalhada neste livro afloram minhas minhas críticas negativas quanto a sentimentos em demasia, embora ela seja legal, mas às vezes fica um pouquinho artificial, porém as passagens em que ela aparece são os momentos com frases mais bonitas e profundas.

De modo geral, é um livro bastante bom, os personagens são bem conflituosos, problemáticos, melancólicos, isto é, um livro ótimo.

Recomendado, embora essa minha edição esteja com letras muito pequenas e isso foi algo ruim, principalmente para os míopes.

Cuidado com as entrelinhas e até a próxima resenha.

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