Trilogia: Fronteiras do Universo

 




Fronteiras do Universo ou His Dark Materials, em seu original, consiste em três livros cujos títulos são: A Bússola de Ouro, A Faca Sutil e A Luneta Âmbar. Foram publicadas em 1995 pelo autor e surpreende pela sua forma de utilizar elementos bíblicos e construir relações e críticas consistentes através de todos os personagens descritos durante toda a narrativa.

A leitura, em geral, foi tranquila e, apesar de ser considerada uma obra infanto-juvenil é uma obra muito bem trabalhada e pode ser lida em qualquer idade. Ademais, é visível o desenvolvimento de todos os personagens presentes, com destaque por Lyra Belacqua e Marisa Coulter.

Abaixo, deixarei pequenas observações sobre os livros individualmente, bem breves para não interferir na experiência de leitura de vocês. Aproveitem:  




A Bússola de Ouro, de Philip Pullman( 1º livro da trilogia: Fronteiras do Universo)

Por ser o primeiro livro da trilogia, a narrativa nos apresentará os personagens e nós, como leitores, ficaremos um pouco confusos em relação a história. Com a Bússola de Ouro, não foi diferente.

A história se passa na cidade de Oxford, dentro da universidade que seria semelhante a que temos na Inglaterra de nosso mundo. Lá, vive uma menina chamada Lyra Belacqua junto a diversos docentes de tal faculdade e é acompanhada por um Daemon chamado Pantalaimon, assim como todas as pessoas desse universo, pois tais Daemons seriam a representação/personificação das almas.

O enredo se voltará para Lyra, que tem como principais características sua esperteza, sociabilidade, inteligencia, intuitividade, sem delicadeza. Órfã de pai e mãe, foi basicamente criada por seu tio, Lorde Asriel, o qual não é um grande exemplo: extremamente autoritário, rude e não confortável. Mas tudo começa a mudar depois que alguns acontecimento exigirem personalidade e total envolvimento de Lyra para enfrentar tais situações.

Por enquanto, será apenas isso, pois de restante serão spoilers.

Este primeiro livro é repleto de ação e diversas cenas repletas de emoção e em grande maioria tristes e conflituosos que não deixarão você cansar-se da leitura. É um primeiro livro que abre bem a trilogia e que deu origem a um filme homônimo e, agora, a série His Dark Material, disponível na HBO.


A faca sutil, de Philip Pullman( 2º livro da trilogia: Fronteiras do Universo)

O segundo livro de uma trilogia, em geral, são sempre os mais tranquilos, entretanto carregados de detalhes fundamentais que explicam muito do primeiro livro e quase sempre deixam pistas para o terceiro e último.

Em “A faca sutil”, tornou-se o meu preferido. Além de não ter muita ação, conhecemos Will Parry, um rapaz com temperamento bem diferente do de Lyra Belacqua: ele cuida de sua mãe que, a princípio, parece ter algo semelhante a uma esquizofrenia , depressão ou bipolaridade, seu pai o deixou quando ele ainda era muito pequeno e sua personalidade indica uma pessoa calma, paciente e tristonho; equivalente ao tom o qual o livro nos é narrado.

Em determinada circunstância, ele encontra-se com Lyra e ambos partem  para diversos momentos que são bonitos. Recorde-se de seu melhor amigo ou uma pessoa que você considerou ou considera muito durante um longo período... agora lembre dos momentos e conversas iniciais que fizeram vocês se conhecerem e se tornarem importantes um para o outro. Essa segunda parte será basicamente isso: o início, os diálogos que serão fundamentais para formar e apertar laços. 


A luneta Âmbar, de Philip Pullman( 3º e último livro da trilogia: Fronteiras do Universo)

O último livro da trilogia nos leva para diversas conclusões em torno do enredo, além do retorno de personagens que apareceram no primeiro livro.

Aqui teremos Lyra e Will em busca de conclusões a respeito de seus passados. Ademais, acompanhamos outras esferas da história como as discussões e encontro de Lyra com sua Mãe e de Will com seu pai. Também temos, em razão da Faca Sutil, ambos personagens percorrerem outros mundos e realidades, inclusive o próprio inferno, que me lembrou muito Eneida, de Virgílio, quando Eneias visita o inferno e retorna.

Esse livro da trilogia me trouxe o questionamento de como os pais de Lyra foram pessoas irresponsáveis e egoístas para com a menina. Foram diversos os momentos que senti pena e revolta por essa menina, que de certa maneira está resolvendo problemas dos quais eles inventaram e não conseguiram colocar um fim.

Sei que muitos tem um preconceito quando a literatura infanto-juvenil vem a mesa, entretanto, esta não é uma história simples e tem-se questões adultas até demais. As analogias com a Bíblia são fortes, mas não de forma religiosa, mas de forma usada com viés extremamente crítico tanto quanto instituição e seus fiéis fanaticos. As relações familiares conturbadas e, antes de tudo, a inevitável e dolorosa perca da inocência e ingenuidade de Lyra com o conhecimento do amor, são retratadas de maneira singular e muito, muito triste.

De qualquer maneira, o final é ótimo, a trilogia é magnífica e nos traz, com certeza, diversas reflexões. Fico um pouco triste de que Philip Pullman não seja tão valorizado e reconhecido, pois é de fato sensacional.







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