A cidade do sol, de Khaled Hosseini


“A sua mãe é assim: com ela, tanto a alegria quanto a tristeza são exageradas. E ela não sabe esconder o que sente. Nunca soube.”

 


Sabe quando as pessoas dizem que determinado livro mudou a forma de ser ou pensar? Esta foi a sensação que senti ao ler A Cidade do Sol.

Acompanharemos aqui a história de duas mulheres cujas vidas se encontram através de uma situação perturbadora e violenta. Em primeiro lugar temos Mariam, e logo nas primeiras páginas somos apresentados a sua infância marcada por uma mãe pessimista perante a vida e a uma paternidade não completamente ausente, mas também não totalmente presente. Como sabemos, a cultura do oriente médio é caracterizada pelo casamento precoce de muitas meninas e, assim, Mariam é proposta em casamento quando ainda é uma mocinha para um homem que tem por volta de quarenta anos.  

Em paralelo e bem mais a frente da história, conhecemos Laila a qual tem uma vida totalmente oposta a de Mariam: Ela teve uma infância relativamente boa, seu pai era professor e a incentivava ao conhecimento, principalmente literatura. Ela tinha um melhor amigo de infância, Tariq, e ambos tinham uma amizade muito bonita.

Em dado momento, a vida de ambas irão se cruzar de maneira, digamos, dolorosa em razão da posse do Talibã. Nos serão mostrado durante esse encontro, antes de tudo, o poder da amizade, do companheirismo e do diálogo.   

Durante a narrativa de A Cidade do Sol, chorei diversas vezes. Não será exagero se eu disser que foi a leitura que mais me fez chorar na vida. As situações ali impostas por essas mulheres são verdadeiramente cruéis e, o grande problema, é ter consciência de isso é uma realidade e que poderia muito bem ter acontecido a mim ou você. Sei que questões acerca do machismo no oriente médio podem levantar diversas discussões das quais será pauta por diversos anos, até por fazer parte da cultura, mas, particularmente, não gosto e me repudia muito e ler histórias como essa me deixa revoltada.

Contudo, é um livro de fácil leitura em questão de linguagem, pois é um enredo que eu não queria desgrudar de forma alguma. Entretanto, é composto por uma carga emocional difícil de digerir e fará você questionar, revoltar-se, entristecer, morrer de amores e ódios pelos personagens e ativar seu senso de empatia. Enfim, é um livro que incomoda, mas isso que aprecio em livros: a maneira como atinge meus sentimentos e me tira de minha zona de conforto.

Tornou-se uma das melhores leituras que já li na vida.

Antes de tudo, um livro necessário.

Cuidado com as entrelinhas, até a próxima resenha.


Comentários

Postagens mais visitadas