A fórmula preferida do professor, de Yoko Ogawa

-Seus amigos eram doentes?

-Doentes? Que nada, pelo contrário, eram grandes, fortes e resistentes. Mas moravam dentro da minha cabeça, e, assim, só dava para brincar dentro dela. Eu desperdicei a energia nessa direção, e por isso acho que ela não chegou aos meus ossos.

Neste livro, de leitura fluída e emocionante, acompanharemos a história de três personagens com realidades diferentes entre si, são eles: o professor, um homem brilhante que lecionava matemática em uma universidade, porém depois de um grave acidente passou a ter uma memória com duração de aproximadamente 80 minutos, semelhante a uma amnésia o que me fez lembrar do filme "Memento (Amnésia"), de Christopher Nolan e "como se fosse a primeira vez". Por essa razão, muitas mulheres que eram contratadas para cuidar de sua casa não suportavam o emprego e decidiam demitir-se.

Entretanto, tudo muda com a contratação de uma moça, a qual seu nome não é mencionado e que narrará a história em primeira pessoa. Os detalhes de sua educação também não são revelados, mas percebemos que apresenta um caráter bem humilde, que namorou um estudante de engenharia e teve um filho com ele.

Quando começa a trabalhar com o Professor, um dia ele descobre que ela tem um filho e sugere que ela o leve para ficar com ela durante o trabalho. A partir de então, assistimos a formação da amizade dessas três pessoas ser construída através de uma técnica nada comum: a matemática. O mais curioso é que neste livro, diferente do “Homem que Calculava” que li recentemente, as problemáticas e cálculos propostos eram realmente muito curiosos e me vi tentando fazer alguns cálculos.

Esse é um desses livros sobre amizades, temática que aprecio bastante, todavia, antes de tudo, sobre o encontro de três indivíduos solitários, com enormes diferenças culturais e sociais, mas percebemos que são detalhes irrelevantes quando a reciprocidade e diálogos são postos em primeiro lugar, com naturalidade e respeito.

Um livro, de fato, muito bom.

Cuidado com as entrelinhas e até a próxima resenha.