O fator humano, de Graham Greene


 “A felicidade sempre me parece uma questão de pessoas e não de lugares”


“Não estou solitário... enquanto durar meu livro”


Publicado em 1978, esta obra faz parte da fase madura do autor. O enredo trata-se de uma história de espionagem, mas muito diferente do que acompanhamos nas histórias da Agatha Christie ou Arthur Conan Doyle.

A história se passa através de um narrador onisciente, em que temos a possibilidade de acompanhar o que ocorre na mente da maioria dos personagens. Esse estilo de texto, geralmente, são fundamentais para termos uma visão geral e a verdade de cada um, forma o qual nos faz escolhermos opiniões rapidamente.

Ao início da história, temos Maurice Castle que leva uma vida aparentemente, normal: tem uma esposa, um filho, trabalha em uma empresa voltada para Inteligência Britânica, come, dorme e segue essa rotina. Entretanto, conforme evoluímos a história, percebemos que não é exatamente tão tranqüilo assim e, dessa maneira, chegamos a conclusão de que quanto mais normal um sujeito é, maior seus segredos.

Por um momento, fiquei um pouco perdida quando começaram diversas perseguições quanto a Maurice, mas depois entendemos que tudo gira em torno do racismo sobre ele e sua esposa, a partir de questões do apartheid. Ademais, o livro segue esse clima de silêncio e segredos o tempo todo.  

Algo que me chamou a atenção na escrita de Graham Greene, foi justamente a sua forma peculiar de descrever personagens. Todos ganham tal profundidade que faz nós, leitores, nos identificarmos e percebemos que, por mais que eles sejam diferentes entre si, há algo que nos une e isso que podemos chamar de grande Fator Humano em questão.

Além disso, durante o enredo nos deparamos com diversas referências literárias das quais são comentadas e ligadas as situações compostas aquele momento.Dentre as mais citadas são Guerra e Paz, de Tolstoi e Robinson Crusué, de Daniel Defoe. As críticas a respeito do mundo político, social e principalmente racial, são elementos que constroem um dos enredos mais estranhos e legais que já li. Os personagens, até mesmo os mais figurante tem verdadeira importância.

Foi uma leitura de completa fluência, o obstáculo talvez tenha sido a minha edição, a qual a letra está pequena. Afora isso, uma excelente obra que, inclusive, foi adaptada homonimamente para o cinema sob a direção de Otto Preminger.

Cuidado com as entrelinhas, usem máscara, fiquem em casa PELO AMOR DE DEUS e até a próxima resenha.

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