O Meu Pé de Laranja Lima, de José Mauro de Vasconcelos

 


“-Não faz mal, eu vou matar ele.

-Que é isso menino, matares teu pai?

-Vou, sim. Eu já até que comecei. Matar não quer dizer a gente pegar o revólver de Buck Jones e fazer bum! Não é isso. A gente mata no coração. Vai deixando de querer bem. E um dia a pessoa morreu.”

 

Este livro o li pela primeira vez em 2009, quando todos nós éramos muito jovens e não sabíamos o que seria de nós ou do mundo. Entretanto, esse livro participou da minha formação como leitora e relê-lo foi uma experiência imensamente nova e até mesmo desconfortável.

A história é narrada em primeira pessoa por Zezé, uma criança a qual vive com uma família muito pobre e em boa parte das passagens são descrições sobre tais momentos, dentre eles, um natal sem presentes e o pai desempregado, que percebe-se traços de ausência para com os filhos. Com isso, a família um dia resolve mudar-se e conhecer a casa sugerida, então, é nesta primeira visita que Zezé encontra um companheiro inusitado e sábio, um Pé-de-Laranja Lima com quem compartilhará um pouco sobre sua vida.

Uma das minhas percepções nesta segunda leitura, é que o Pé-de-Laranja não aparece na narrativa tanto quanto eu lembrava, pois o livro concentra-se em Zezé, que seria um alter-ego do próprio autor do livro, José Mauro de Vasconcelos. Além disso, desta vez percebi o quanto a família do garoto era até mesmo cruel com menino em alguns momentos e eu não lembrava do personagem Portuga (ou Manuel Valadares), o qual foi com certeza um importante mentor para Zezé, junto a laranjeira.

É, de fato, um livro muito bonito, extremamente triste, porém, desta vez, não me emocionei tanto quanto da primeira vez, talvez até por já saber o final ou por uma boa parte da poesia que existia em mim naquele tempo, tenha morrido, de certa forma. Entretanto, caso você nunca tenha lido este livro, simplesmente leia. Digo-lhes no imperativo porque ele realmente mostra aspectos de vida cuja a realidade está presente, apesar das fantasias presentes. Todos já tivemos um Pé-de-Laranja Lima, caso ainda não, bem provável que há de ter e, de uma forma ou outra, nunca esquecemos este mentor. Ademais, caso tenha adolescentes em casa e quer fazê-lo chorar, por favor, dê-lhe este livro.

Leiam este livro quando puderem.

Cuidado com as entrelinhas e até a próxima resenha.

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