As Brasas, de Sándor Márai


 

“ ‘Nada daquilo a que juramos fidelidade existe mais’, diz o hóspede, gravemente, e por sua vez ergue o copo. ‘ Todos morreram, ou então foram embora, renunciaram a tudo o que juramos defender. Havia um mundo pelo qual valia a pena viver e morrer. Esse mundo morreu. O novo já não faz o meu gênero. É tudo o que posso dizer.’ ”

 

Publicado em 1942, As Brasas é um dos principais e mais conceituados livros da literatura húngara. Com linguagem profunda, passagens filosóficas e questionamentos sobre atitudes consideradas éticas frente a sociedade, são características que fazem este livro ser singular.

A história é narrada em terceira pessoa, formado por diálogos longos; o tempo é alternado pelos acontecimentos presentes e flashbacks, dos quais revelam detalhes e informações sobre as pessoas. A princípio o leitor é transportado para um castelo, em que vivem dois idosos: uma mulher, Nini e um homem, Henrik. Eles estão a espera de uma visita a qual mostram-se ansiosos para tal. A partir do segundo capítulo seremos resgatados pelo passado de Henrik e sua amizade com Konrad, momento do livro em que teremos diversos trechos bonitos sobre o sentimento amizade e todas as suas armadilhas.

É um enredo não apenas sobre amizade, mas também sobre o tempo e a forma como as relações humanas, de modo geral, são complicadas e exigem muito mais do que reciprocidade, mas diversas outras atribuições das quais estamos todos condenados pela vida. Ademais, o maior questionamento que esse livro traz é sobre fidelidade, velhice e segredos.

Uma leitura excelente para ser lida devagar, sem nenhuma pressa. Aconselho a preparar um lápis ou um caderno, pois são diversos trechos legais. 

Cuidado com as entrelinhas e até a próxima resenha.

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