Flores para Algernon, de Daniel Keyes
“Mas agora sei que existe algo que todos vocês negligenciaram: inteligência e educação sem doses de afeto humano não valem droga nenhuma”
Considerado uma das melhores minhas melhores leitura este ano,
Flores para Algernon, publicado em 1959, ficou por muito tempo fora de
catálogo. Recentemente, uma nova edição chegou traduzida para o português pela
Editora Aleph, em 2018. Trata-se de uma ficção cientifica e como todo bom livro
deste gênero, a ficção e a realidade não estão totalmente separadas.
A história nos será contada em formato epistolar, isto é,
através de cartas que são também relatórios de progresso o qual o personagem
passa durante o processo antes e depois da cirurgia para aumento de Q.I. Esse
homem é Charlie Gordon, ele tem deficiência intelectual e é a primeira pessoa a
passar por tal procedimento, junto ao rato de laboratório Algernon, que também
passou pela cirurgia e torna-se seu companheiro nesta jornada.
Ao início do livro teremos os relatos iniciais, os quais serão
caracterizados por: falta de pontuação e raciocínio lógico, ortografia raza e
falta de vocabulário. Entretanto, depois da cirurgia, Charlie passa a ter
também acompanhamento de uma professora e sua escrita passa a evoluir
juntamente ao hábito da leitura.
“26 de abril – Sei que não
devia ficar pela universidade quando finalizo no laboratório, mas ver esses
jovens homens e mulheres indo e vindo carregando livros e ouvi-los falar sobre
tudo que aprendem nas aulas me empolga. Queria me sentar com eles na lanchonete
Campus Bowl e trocar ideias tomando café quando eles se juntam para discutir
livros e política e ideologias. É empolgante ouvi-los falando de poesia e
ciência e filosofia – de Shakespeare e Milton: Newton e Eistein e Freud; de
Platão e Hegel e Kant, e todos os outros nomes que ecoam como incríveis sinos
de igreja na minha mente. “
(P. 71. Edição da Editora
Aleph)
”Passo a maior parte do meu
tempo livre na biblioteca agora, lendo e absorvendo o que consigo de livros.
Não estou me concentrando em nada particular, sólendo um monte de ficção
–Dostoiévski, Flaubert, Dickens, Hemingway, Falkner -, tudo em que consigo
colocar as mãos, alimentando uma fome insaciável”
(P. 72. Edição da Editora
Aleph)
Obs.: nestas passagens eu beijei o livro
Agora, quanto ao emocional deste personagem: a princípio temos
uma pessoa muito doce, tranqüilo e meigo, porém de acordo com seus relatórios
iniciais, temos conhecimento de que Charlie olha as outras pessoas e deseja,
fortemente, ser inteligente. Além disso, algo que podemos observar neste início
é como ele não tem a percepção de o quanto as pessoas ao seu redor são cruéis
com ele e o quanto o zombam em razão de sua condição intelectual. Porém, ele os
considera seus amigos mesmo assim.
Porém, seu Quociente de Inteligência, Q.I., aumenta a níveis
extremos e ele se torna uma pessoa que sempre quis. Mas, seu emocional não evolui
a mesma maneira e Charlie passa ficar cada vez mais sozinho, deprimido e como
ele mesmo diz “sob grande estresse
emocional”.
Foi uma das melhores leituras que fiz esse ano e demorou muito
tempo para eu escrever este texto, pois toda vez que penso nesta história tenho
vontade de chorar. Ressalto o que disse ao início desta resenha: é um livro de
ficção cientifica, mas a ficção se detém na cirurgia de aumento de Q.I, a qual
não existe efetivamente. Contudo, o restante é totalmente real.
Aliás, o que é, de fato, ser inteligente para você? Este livro
nos mostra como a inteligência está sim associada ao equilíbrio entre o emocional
e racional, dos quais precisam desenvolver-se juntos,senão a pessoa desmorona. Charlie
teve a oportunidade de aumentar sua inteligência, mas, não um procedimento
cirúrgico a ponto de melhorar o estado emocional.
Livro triste. Durante e depois da leitura eu fiquei triste, ansiosa, cansada, pensativa; refleti sobre alguns de meus hábitos, a vida, como o Ser Humano aproveita-se daquilo que é inocente, como somos vulneráveis e inimigos de nós mesmos. Em resumo: um livro espetacular, excelente, maravilhoso. Todo mundo deveria ler esse livro um dia.
Uma leitura obrigatória para você.
Aproveite, cuidado com as entrelinhas, cuidado com a vida e com você mesmo. Até a própria resenha. Abraços a todos!
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