Eles Não Usam Black-Tie, de Gianfrancesco Guarnieri
É bem provável que as pessoas das quais se formaram no ensino médio em 2011 nas
escolas públicas deste grande Brasil, este livro esteja rondando pela sua
estante.
Pode-se dizer que Eles Não Usam Black-Tie é um pequeno Germinal
brasileiro. Em formato de teatro, o enredo tratará de uma greve operária
planejada e feita sob a liderança do experiente militante Otávio.
“ROMANA: Saiu o aumento?
OTÁVIO: Que aumento! Sem greve
não sai aumento!
ROMANA (repreendendoo):
Otavio!...!
P. 37
Nos é apresentado também o personagem Tião, do qual acaba
noivo de Maria e por medo de perder o emprego não concorda com o ato e situação
da greve do qual causa atritos para com Otávio.
Além disso, questões filosóficas, humanas e o acesso restrito a cultura por
aquela população são temas em paralelo. O cinema, por exemplo, é uma vertente o qual todos que já
conhecem contam com orgulho a visita e a experiência da grande tela, muitos
outros apenas convivem com esse sonho.
“TIÃO: Aumento nada... Tive
minha chance no cinema!...
ROMANA: Como é que é?
OTÁVIO: Explica isso!
MARIA:Cinema?
TIÃO: Cinema, cinema.
Vistavisão, Cinesmascope e outras vigarice... Cinema!...”
p. 37
A peça foi destaque no Teatro de Arena São Paulo, em 1958 e para
o cinema com elenco formado por Fernanda Montenegro, Carlos Alberto Riccelli e
Bete Mendes, considerado um dos 100 melhores filmes brasileiros de todos os
tempos pela Associação Brasileira de Críticos de Cinema.
Ler e assistir a esta obra foi uma agradável surpresa. É um
livro muito curto, mas muito rico em diversos âmbitos e isso nos faz refletir que
embora não seja devidamente divulgado, nossa literatura é constituída por bons
conteúdos.
Portanto, não acanha-se e dê uma oportunidade para este livro.
Caso não tenha recebido gratuitamente, ele sempre está por um preço acessível na Estante Virtual ou em vários sebos pelo país.
Cuidado com as entrelinhas!
Uma boa leitura!
"TIÃO (cantando): "Nosso amor é mais gostoso,
Nossa saudade dura mais
Nosso abraço mais apertado
Nós não usa as 'bleque-tais'
Minhas juras são mais juras
Meus carinhos mais carinhosos
Tuas mão são mãos mais puras,
Nós se gosta muito mais,
Nós não usa as 'bleque-tais' "
P. 24
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