Ao Farol, de Virginia Woolf
Grandioso, profundo e muitíssimo belo! Essas seriam uma das
palavras que mais se aproximam para descrever o romance da lindíssima Virginia
Woolf.
Um livro dividido em três partes, a primeira intitulada como a ‘A Janela’, nos é apresentada a família
Ramsey constituídos pela Sra. e Sr. Ramsey, seus filhos, Lily, amiga da família, dentre outros personagens. O
fluxo de consciência nos revela suas personalidades e, por conseguinte, os seus
conflitos internos para com eles e para com as outros ao redor, tornando o
romance muito sincero em suas descrições.
Sra. Ramsey, uma mulher tranquila a qual tenta a todo o momento
gerar paz entre as pessoas na sua casa, demonstra o medo do tempo e desejando
um pouco que seus filhos nunca cresçam para não descobrirem o peso da vida; Sr.
Ramsey filosofo de muito sucesso, autor de um importante livro, muito
inteligente que tem nos livros como seu infinito refúgio, é uma pessoa séria e
extremamente crítica; Sr. Tansley, personagem que Sra. Ramsey admira com muito
amor, no entanto, ele é extremamente duro com Lily; os filhos do casal, entre
eles James que pede com freqüência para freqüentar o Farol, mas o Sr. Ramsey
nunca o deixa por afirmar que o tempo não está bom e pode ser perigoso. Um
detalhe simples, mas causa um forte ódio de James para com seu pai revelados
por seus pensamentos; Lily, amiga em princípio de Sr. Ramsey, tendo uma paixão secreta
por ele, também carrega valores muito diferentes da Sra.Ramsey, pois, diferente
desta, não deseja se casar nem ter filhos; é pintora e está desde o inicio do
livro pintando uma obra, mas carrega consigo as críticas do Sr. Tansley o qual
afirma constantemente que mulheres não sabem pintar, nem escrever, no entanto,
na última parte do livro isso se mostra irrelevante para Lily.
“Brigas, divergências, divergência de opinião, preconceitos
entretecidos na própria fibra do ser, oh, por que tinham que começar tão cedo,
lamentava a sra. Ramsey. Eram tão críticos, seus filhos. Falavam tanta bobagem.
WOOLF, Virginia.P.12.
Editora L&PM Pocket
“ O quadro de Lily ! A Sra. Ramsey soriu. Com seus olhinhos de
chinesa e o rosto contraído, nunca se casaria; não dava para levar a pintura
muito a sério; mas era uma criaturinha independente e a sra. Ramsey gostava
dela por causa disso;”
WOOLF, Virginia. P.21. Editora L&PM Pocket
“Oh,mas gostaria que James jamais crescesse! E Cam também não.
Esses dois , gostaria de mantê-los sempre exatamente como eram, uns diabretes
levados, uns anjos de encantadores, nunca ver se transformarem nuns monstrengos
compridos.(...)Por que, perguntou premindo o queixo na cabeça de James , tinham
que crescer tão depressa?Por que tinham de ir para a escola? Gostaria de ter
sempre um bebê. Era com um bebê no colo que se sentia mais feliz. (...) Agora
eram mais felizes do que jamais voltariam a ser.
WOOLF, Virginia. P.60 e p. 61. Editora L&PM Pocket
O mais curto das partes, ‘O
Tempo Passa’, já com a família Ramsey não habitando mais a casa, torna
principal personagem a própria residência, representando a passagem do tempo e
os indícios de guerra que atingiram essa família, de acordo com a casa e seu
estado. É a parte mais profunda, em que nos revela alguns acontecimentos que
ocorreram com a família depois de deixar o aquele lugar, mostrando que a
passagem do tempo, a efemeridade dos momento e a morte são inevitáveis para
todos os seres. Os capítulos dessa repartição são muito curtos, mas foram os
meus preferidos de toda a literatura até agora.
“As coisas que tinham largado e deixado – um par de sapatos, um
boné de caça, algumas saias e casacos desbotados nos guarda-roupas – só elas só
elas conservavam a forma humana e no vazio indicavam que outrora tinham sido
usadase dotadas de vida; que outrora mãos se ocuparam com anzóis e botões; que
outrora o espelho mostrara um rosto;mostrara um mundo esvaziado onde uma figura
se virava, uma mão lampejava, a porta se abria, entravam crianças correndo e
tropeçando , e depois saíram. “
WOOLF, Virginia.P.132.Editora
L&PM Pocket
O último
capitulo, o qual leva o nome do título ‘
Ao Farol’, tem como principal personagem Lily e a personagem demonstra uma
evolução no decorrer da narrativa. Entretanto, a solidão também a impulsiona a
maiores reflexões sobre si e sobre a família Ramsey, a qual conviveu e observou
por tanto tempo:
“Não tinha nenhuma ligação aqui, sentiu, nenhuma relação com
nada, qualquer coisa podia acontecer, e qualquer coisa que aocntecesse, um
passo lá fora, uma voz chamando (Não está no armário, está no patamar”, gritou
alguém), era uma pergunta , como se o laço que geralmente unia as coisas
tivesse sido cortado e tudo passasse a flutuar, subindo, descendo, saindo, para
qualquer lado.Como era gratuito, caótico, irreal, pensou olhando a xícara de
café vazia.”
WOOLF, Virginia.P.154.Editora
L&PM Pocket
Foi meu primeiro contato com Virginia Woolf e se tornou um dos
livros mais elegantes e tristes que já li, ademais se tornou fácil um dos meus
preferidos e me instigou a ler mais romances da autora. Como dito, o fluxo de
consciência são complexos, mas importantes pela forma sincera que nos é
apresentado os personagens, sendo que são contadas através do silêncio, isto é,
dos pensamentos os quais nos são narradas a história.
Outrossim, o livro me lembrou outros livros que utilizam essa
forma de linguagem: A Letra Escarlate, de Nathaniel Hawthorn o qual você
encontra a resenha AQUI; e Vidas Secas, de Graciliano Ramos importante livro para
os vestibulares.
Agora, desligue todas as telas e leia este livro;
Cuidado com as entrelinhas,
Com certeza você terá uma excelente leitura !!!
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