Reparação, de Ian McEwan

 


“Ela não tinha ilusões: os planos antigos, se era possível lembrar-se deles, os planos que haviam sido atropelados pelo tempo, normalmente eram marcados por uma visão febril e excessivamente otimista dos acontecimentos.”

“Sabia também que, em última análise, seu objetivo era conservar sua própria paz de espírito”


Este é um livro que sempre ouvia diversos comentários, geralmente com muitos elogios, mas nunca tinha lido de fato.

A história iniciará com a apresentação dos personagens sendo feita de forma gradual. Primeiramente, temos Briony Tallis, irmã mais nova, aproximadamente 11 anos, imaginação fértil, gosta bastante de escrever e criar histórias;  depois temos Cecília, a irmã mais velha, estudante universitária, personalidade independente, aprecia literatura e temperamento inteligente, dentre outros como o irmão de ambas e a mãe deles, uma mulher completamente reclusa e vive uma boa parte dentro do quarto.

A construção do livro é bem  organizada, dessa forma teremos acesso aos pensamentos de uma boa parte desses personagens, o que caracterizaria um romance psicológico e com viés mais onisciente. Em um desses acessos, percebemos que Cecília e Robbie, um amigo da família de muito tempo, tem um envolvimento amoroso. Um dia, Robbie pensa em se declarar para Cecília e escreve, a princípio, um bilhete brincalhão o qual contém conotações sexuais, mas depois escreve um outro mais comportado. Entretanto acaba por entregar o primeiro por engano. Infelizmente, ele entrega para Briony, que acaba por ler o que está escrito e a partir desse acontecimento, com uma pitada de mal entendido, informações erradas ( uma fake news, digamos assim), acabam por ter conseqüências complicadas ao futuro de todos.

O livro pode parecer simples, mas o final talvez sejam um dos melhores finais que já li, pois é surpreendente. Li recentemente um livro chamado “A casa holandesa”, do qual não gostei, mas em seguida peguei este aqui que tem praticamente a mesma vertente, no caso, drama familiar, porém Reparação é o caso que deu certo. Os personagens, a forma de escrita de Ian McEwin a maneira como o tempo e a quebra da idéia da instituição familiar, colocada de forma realista, torna o livro muito bonito e original.

Recomendadissímo e leia quando puder. Repito que o final deste livro é surpreendente, um pouco triste e muito, muito bom, diferente de muitos finais que já li.


Cuidado com as entrelinhas e até a próxima resenha.

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