Fahrenheit 451, de Ray Bradbury


Depois de 1984, Admirável Mundo Novo, Senhor das Moscas, Nós, Laranja mecânica; faltava apenas, por muito tempo, o famoso Fahrenheit 451 para completar minhas leituras sobre distopias. Há um tempo, li quadrinho ( autorizado pelo autor) na Biblioteca do Parque Villa- Lobos, mas sentia que precisava ler o livro de fato. Não me arrependi.

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(Capa da HQ)

O enredo gira em torno de uma sociedade distópica, ao qual a função dos bombeiros não é apagar incêndios e sim gerá-los. Sim isso mesmo! neste mundo de Bradbury ler é um crime, as pessoas são proibidas de lerem, caso uma determinada pessoa seja descoberta com livros em casa possivelmente os bombeiros entrarão nesta residência e atear fogo nas cópias e também no morador ali.

“Queimar era um prazer”
BRADBURY, Ray.p.1. Editora Biblioteca Azul

“às vezes pode levar uma vida inteira para um homem colocar seus pensamentos no papel, de´pois de observar o mundo e a vida, e aí eu chego e, em dois minutos, bum!Estátudo terminado”
BRADBURY, Ray.p.1. Editora Biblioteca Azul


Esquisito! porém essa prática foi comum no regime nazista, em que autores como Thomas Mann, Walter Beijamin, Sigmund Freud , Albert Einstein, Karl Marx, Ricarda Huch dentre outros, tiveram o destino de serem queimados.

O bombeiro em destaque é Montag e demais companheiros de trabalho. Entretanto, ao voltar para casa em um dia comum encontra uma garota, também sua vizinha, chamada Clarisse a qual inicia uma conversa que mudará totalmente a sua vida e forma de pensar (se é que ele pensava antes). Ademais, a personalidade de Clarisse é cativante, facilmente nos apaixonamos pela personagem:


“Bem – disse ela - tenho dezessete anos e sou doida. Meu tio diz que essas duas coisas andam sempre juntas. Ele disse: quando as pessoas perguntarem sua idade, sempre diga que tem dezessete anos e que é maluca.”
BRADBURY, Ray.p.25. Editora Biblioteca Azul

 “- Você não lê nenhum dos livros que queima?
Ele riu.
- Isso é contra lei!
-Ah, é claro.
-É um um trabalho ótimo. Segunda feira, Millay, quarta feira, Whitman, Sexta feira, Faulkner. Reduza os livros às cinzas e, depois, queime as cinzas. Este é o nosso slogan oficial”
BRADBURY, Ray.p.26. Editora Biblioteca Azul


-“-Você é feliz?- perguntou”
BRADBURY, Ray.p.28. Editora Biblioteca Azul

 “-As pessoas não conversam sobre nada”
BRADBURY, Ray.P.51. Editora Biblioteca Azul


A história é repleta de nuances breves e importantes, que tornam-se inevitáveis spoilers. Mas, antes de tudo, para quem é leitor há muito tempo ou até mesmo para incitar a leitura em alguma escola, na sala de aula, é uma ótima pedida. A forma como Bradbury descreve a importância do livros, da leitura para a sociedade, é realmente muito linda.

“-O crime não é ter livros, Montag, o crime é Lê-los! Sim, é isso mesmo. Eu tenho livros, mas não os leio”
BRADBURY, Ray.p.204. Posfácio. Editora Biblioteca Azul

“Se algum dia me pegar lendo um, aí sim, pode me prender! (...)Esses livros morrem nas estantes. Por que? Porque assim o digo. Eu não lhes dou sustentação, nenhuma esperança com a mão, o olho ou a língua. Eles não valem mais do que poeira.”
BRADBURY, Ray.p.204. Posfácio. Editora Biblioteca Azul


Portanto, tire aqueles “malvados” parados na sua estante. Não adianta comprá-los e não ler o que eles realmente têm para nos dizer.

Cuidado com as entrelinhas,


Grandes incêndios de leitura para você ! 

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