A Montanha Mágica, de Thomas Mann




A Montanha Mágica é romance do qual foi escrito durante a Primeira Guerra Mundial e tornou-se o livro mais famoso de Thomas Mann. Considerado até hoje como um clássico essencial, é um convite, antes de tudo, para a reflexão a respeito do tempo, também mostrando o conhecimento e amor do qual Mann tinha para com a música:


"(...) e agardar significa adiantar-se, significa sentir o tempo e o presente não como uma dádiva, mas como mero obstáculo, significa negar e aniquilar o seu valor intríseco e saltá-los espiritualmente. Dizem que é enfadonho esperar. Mas ao mesmo tempo, e mais propriamente, é divertido, porque assim devoramos quantidades de tempo sem as viver e explorar como tais."
Mann, Thomas. P.328. Ed. Nova Fronteira

"A música é inestimável como meio supremo de produzir entusiasmo, como força que faz avançar e subri, mas só para pessoas cujo espíritos já estejam preparados para os seus efeitos. Porém, é indispensável que a literatura a proceda. Sozinha a música não é capaz de levar o mundo avante."
Mann, Thomas. P. 157. Ed. Nova Fronteira.


O enredo se passa em uma montanha onde há um sanatório e é justamente nesse ambiente que conheceremos o engenheiro Hans Castorp, no qual passa por primeiros dias muito difíceis em relação ao tempo com sensação singular e diferente da  vividos na planície. Por descobrir a tuberculose, Hans migra para essa outra realidade em que se encontra o seu primo Joaquim, do qual o guia e o apresenta para as pessoas das quais já estão inseridas nesse local e dentre elas, Claudia Chouchat e Setembrini, ambos personagens chaves para o desenrolar da história.


Claudia Chouchat é a enferma da qual Hans apega-se e apaixona-se. Embora muitas vezes pareça algo infantil, a profundidade da atração psicológica do qual ambos estão inseridos trazem muita filosofia e um romantismo teoricamente racional. Outrossim, a personagem representa personalidade forte e traços de Femme Fatale.


“Quando ela sorri e conversa como neste momento, tem uma covinha na face, mas só quando ela quer. (...) A gente tem que adorar pessoas assim, queira-se ou não. Mesmo que nos aborreçam pelo seu desleixo, a própria irritação é um motivo a mais para simpatizarmos com elas. É uma grande felicidade, essa de exasperar-se e de se ver forçado a amar, apesar de tudo...”
Mann, Thomas. Ed. Nova Fronteira.


Ademais, dentre todas as imensas descobertas, merecem destaque para este livro os incontáveis diálogos com Setembrini que embora as conversas sejam entre ele e Hans Castorp ou até mesmo com o Naphta, são diálogos dos quais nos atingem de certa forma. O iluminista, como ele mesmo se autodenomina, foi principal para a mudança psicologia de Hans ao longo do livro.


“Tenho a sensação nítida de que chegou o momento de expressar minha gratidão por isso e por tudo, e de pedir-te perdão por ter sido mau aluno, um ‘filho enfermiço da vida’, como me chamaste”
Mann, Thomas. P. 450. Ed. Nova Fronteira. 


A ficção conta com aproximadamente 900 páginas  das quais assustam no início, mas a leitura flui rapidamente graças aos personagens que Mann nos apresenta neste livro nós nos apegamos tanto a eles, que embora a leitura seja repleta de uma carga filosófica e política muito forte, além de dois capítulos do qual considerei muito, mas muito chatos como é o caso de"Pesquisas" e " Abundância de Harmônia" é muito triste quando acaba. O final recompensa praticamente toda a leitura. 

Tenham uma boa leitura !


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