Cai o pano, de Agatha Christie

 

“E a parte terrível era que a moça dessa história era do mesmo tipo de Judith, independente, culta. O tipo de moça que quando se apaixona, se apaixona tão desesperadamente, com tanto interesse, que uma dessas meninas bombinhas apaixonadas nunca poderia imaginar como seria.”

“ (...) Vão ser muito felizes, aqueles dois. Eles vão ser pobres, e inúmeros insetos tropicais vão mordê-los, e eles terão estranhas febres, mas todos nós temos nossas próprias idéias do que seja uma vida perfeita, não é?”

Aviso: contém spoilers 

Este livro vai relatar o último caso do detetive Hercule Poirot e eu já sabia disso antes de iniciar a leitura. Em razão disso demorei ANOS para lê-lo, pois não queria me despedir de Poirot, personagem que me acompanhou durante a adolescência quando lia desesperadamente vários livros de Agatha e dizer adeus para esse detetive, mesmo sabendo ser apenas um ser fictício, há algo de mim dos 15 aos 19 anos em Hercule e em seus casos. 

Com referências a Shakespeare, Cai o pano nos apresentará mais do que a resolução de um crime, mas também assuntos como a velhice de Hercule Poirot e sua dificuldade em movimentar-se por completo. Aqui ele retorna à Styles, a casa em que ele resolveu seu primeiro mistério e relatado no livro O misterioso caso de Styles. O enredo é narrado, como uma grande parte dos livros de Agatha, em terceira pessoa pelo amigo de longos anos - também nos apresentado pela primeira vez no caso Styles - Arthur Hastings. Conforme suas descrições, acompanhamos a apresentação dos personagens alocados nesta casa como sua própria filha, Judith dentre outros. 

Esta foi a primeira vez que li Agatha Christie da mesma maneira a qual alguns booktubers gringos também leem: fazendo anotações de cada personagem e atribuindo características importantes para desvendar o mistério conforme a história caminha. Foi uma experiência rica e proporcionou até mesmo uma maior compreensão e fixação da narrativa. Em geral, eu lia os casos, mas não colocava minha “massa cinzenta”, como diz Poirot, para funcionar e aconselho vocês, caso puderem, a fazer o mesmo, pois tudo fica mais dinâmico e uma leitura mais ativa. 

Um excelente livro, posso até mesmo dizer que se tornou o meu preferido da autora.

Cuidado com as entrelinhas e até a próxima resenha.