Oliver Twist, de Charles Dickens



 Oliver Twist, de Charles Dickens

“As pessoas a quem dediquei o meu mais caro amor estão todas em suas tumbas; mas, apesar de a felicidade e o prazer de minha vida também estarem enterrados lá, não fiz do meu coração um caixão, selando-o para sempre com meus melhores afetos. A aflição profunda, ao contrário, somente os fortaleceu e refinou.”


Livro publicado em 1837 e o segundo de sua carreira, seguido por “As aventuras do Sr. Pickwick”. Assim como suas outras obras que viriam a ser lançadas futuramente, a história apresenta temas como pobreza, crianças e adolescentes órfãos dos quais sofrem uma boa parte da história até encontrarem seu lugar no mundo. 

O enredo é narrado em terceira pessoa por um narrador típico de Dickens: bem humorado, com entrada de capítulos seguindo coerência aos fatos de maneira organizada, utilizando, em muitos deles, o futuro do pretérito do indicativo que anuncia a importância do capítulo para acontecimentos adiante. 

Quanto aos personagens, seguimos, portanto, o personagem Oliver Twist desde o seu momento natal com salto temporal para a idade de nove anos de idade. A partir de então, somos apresentados para outros personagens de caráter duvidoso, despedidas e maus-tratos para com a criança Oliver. 

Esta é a minha quarta obra lida do autor e, até o momento, Oliver Twist foi de longe a história mais melancólica do autor, mesmo com um narrador de humor sutil e divertido. De todas as crianças escritas por Dickens, esta foi com certeza a que mais demorou mais de metade do livro para encontrar bons tutores e apreciar um final tranquilo.

Além de Oliver, uma personagem que merece destaque na narrativa é Nancy. Em sua primeira aparição no livro revela-se antipática e rude, no entanto, ao longo da história o leitor é apresentado com mais detalhes sobre sua trajetória e tratamentos responsáveis pelas suas atitudes no presente. Há um momento na história em que Oliver não aparece durante 5 capítulos e a conhecemos melhor, de modo a entendermos que ela seria um espelho de Oliver, caso continuasse em determinada situação. 

São diversas as reflexões que surgem ao longo da leitura, passei alguns dias acordada até mais tarde porque queria parar a leitura apenas quando visse que Oliver estava seguro e bem. No entanto, quando finalmente ele consegue a felicidade, penso que há muitos Olivers Twisters neste exato momento e, infelizmente, em situações até mesmo mais insalubres. Esses Olivers espalhados pelo mundo, nem todos, terão um final feliz e hoje pode ser o último dia de vida de algum deles. 

O melhor livro de Dickens lido, sem dúvida, até o momento.

Cuidado com as entrelinhas e até a próxima resenha.


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