Como você é azarado, Charlie Brown, de Charles M. Schulz

Fazia um longo tempo que não lia algum quadrinho, geralmente, a turma de Charlie Brown e Snoopy me acompanham em momentos da famigerada ressaca literária, mas também quando quero recorrer a algo mais confortável, que me faça sentir, novamente, o sabor distante e doce da infância, mesmo por poucos segundos. 

Entretanto, isso é sempre um ledo engano visto que as tiras de Peanuts sempre trazem uma crítica nem sempre tão velada das situações cotidianas, às vezes trazendo tópicos bastante melancólicos e deprimentes, o que torna a obra de Schulz tão maravilhosa, profunda e incrível. 

Em “Como você é azarado, Charlie Brown”, serão entradas diversas histórias, algumas aprofundadas nas épocas natalinas. Mas as melhores são quando os personagens fazem perguntas de cunho filosófico, como quando Patty Pimentinhas pergunta ao Charlie Brown sobre o que ele acha ser o amor e ele não consegue responder, podemos pensar: “mas ele é apenas uma criança, não saberá responder.” Mas nós sabemos? Nós sabemos dizer o que é o amor? Sabemos explicar em algum momento de nossas vastas e miseráveis vidas, mesmo quando o sentimos? Provavelmente não e se respondermos sairão apenas conceitos clichês e normalizados, mas nunca poderemos responder sobre esses sentimentos porque para isso precisaremos falar de nós mesmos e somos demasiados covardes para assumir o que somos. 

Ademais, a questão da discussão da sociedade de consumo com a Sally, irmã de Charlie Brown bem edificados a partir do constante questionamento sobre a rotina, compra das árvores de natal, a culpa, o remorso e, antes de tudo, a elegância e peripécias de Snoopy. 

Lindo demais! Recomendado para quando você quiser ler e sua vontade permitir, caso seja professor de português este é um bom material para preparar provas de interpretação de textos, discussões em sala sobre empregos das palavras e seus significados e divertir os alunos, enquanto isso.

Cuidado com as entrelinhas e até a próxima!