O diário de Anne Frank

 


“Acima de tudo, tenho de manter meu ar de confiança. Ninguém deve saber que meu coração e minha mente estão sempre em guerra um com o outro.”

                   

Por se tratar de um diário do qual foi escrito durante os anos finais da Segunda Guerra Mundial, o livro foi apenas publicado quando to pai de Anne, Otto Frank, libertou-se do campo de concentração por uma antiga funcionária da empresa que trabalhou. Quando leu, apreciou bastante e até mesmo impressionou-se com a maneira da qual a filha expressava-se através da escrita, apesar de ter passado tanto tempo com ela na mesma casa trancados, não imaginava que a mente da garota fosse tão reflexiva.

Entretanto, temendo a repercussão, durante sua revisão ele tirou diversas partes, especialmente as que Anne comenta sobre sexo e suas percepções sobre as mudanças de seu corpo. Portanto, antes de escolher uma edição do diário para leitura, certifique-se de que não é uma versão censurada, isto é, a versão B ( que é esta a qual li), não apresenta tais censuras e está completo e o mais fiel às anotações originais.


Dito isso, vamos ao que se trata o livro, do qual nada mais é que anotações sobre seu período dos 12/13 aos 15/16 anos de Anne Frank. Ao início do livro, 1942, Anne ainda é pré- adolescente e suas reflexões e comentário serão de acordo com essa fase da vida: meninos, paixonites, críticas árduas sobre vizinhos, colegas de escola, família dentre outros assuntos. É visível como a menina é bem inocente nesse início, porém conforme o tempo passa e a guerra se alastra, percebemos uma mudanças de comportamento bem rápido na menina.

Como muitos sabem, Anne e sua família eram judeus e depois de uma imensa busca do governo nazista para com esse povo, Otto Frank decide, assim como boa parte da população judia esta época, esconder-se. Assim, grandes partes das anotações no diário são a respeito das observações desse local e também dos outros vizinhos que também estavam ali. Eles contavam com a ajuda de algumas outras pessoas das quais traziam alimentos e notícias do mundo externo, este detalhe também complementado com o acompanhamento do rádio que escutavam diariamente.

São muitos os trechos dos quais trazem diversos pensamentos, porém talvez os que mais me deixavam triste eram quando ela citava seus sonhos, a vontade estudar jornalismo, escrever histórias, além de coisa simples como ver o céu, as estrelas e a vontade de andar pela rua sem medo de ser pega pela polícia nazista. Ademais, apesar de muito nova, apresentava percepções ampla e bastante críticas sobre assuntos, por exemplo, sua visão sobre o papel da mulher naquela sociedade e como não queria fazer parte daquilo e não se tornar uma mulher como sua mãe, casar e ter filhos.

Era uma menina muito inteligente, aparentemente bastante temperamental, não gostava da mãe e em diversos momentos até mesmo diz que não a ama, falava muitas línguas e gostava muito de ler.

Quando terminei o livro, fiquei pensando em quando eu tinha treze/quinze anos, a mesma idade que ela quando começou o diário e o quanto  tanta coisa mudou para mim desde então. Porém, Anne não teve essa oportunidade de se ver com 23, 25, 27 anos. Tudo por conta de ideologias desalinhadas a realidade.

É uma leitura muito rápida, fluída, a gente acompanha o desenvolvimento de Anne, suas ideias e pensamentos. É impossível ler e não ficar alguns dias pensando sobre, além de não sentir uma mistura de revolta e tristeza.

Quando a adaptações cinematográficas há diversas, o mais recente é o de 2016, dirigido por Hans Steinbichler e o de 2009, dirigido por Jon Jones. Este disponível no Youtube.

Recomendado, principalmente para adolescentes ou uma extensão de aulas de histórias. Diários sempre são uma fonte de documentação muito interessante de se passar, talvez por tornar as coisas mais palpáveis, de certo modo.

 

Cuidado com as entrelinhas, até a próxima resenha.


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