Lolita, de Vladimir Nabokov



“Lolita, luz de minha vida, labareda em minha carne. Minha alma, minha lama. Lo-li-ta (...)”

Assim começa um dos livros mais polêmicos da história da literatura. Escrito pelo russo Nabokov, foi e ainda é material usado até hoje por indústrias pornográficas para referirem-se a meninas muito novas, geralmente menores de idade, das quais são classificadas também como ninfetas, termo retirado e usado pela primeira vez também neste livro.

No entanto, este livro, por incrível que pareça, não contém absolutamente nada pornográfico e muito menos erótico, ao contrário.

A história é narrada por Humbert Humbert, um homem que escreve o enredo em uma prisão, em razão de um crime que apenas sabemos ao final. Ele conta, portanto, todo o processo que o levou a conhecer Dolores, a qual ele a apelida de Lolita.A partir de então, presenciamos uma história muito bem escrita, que tendenciamos a ler com muita fluidez, mas além de tudo, uma narrativa totalmente manipulatória contada por um pedófilo assumido. 

Antes de ler esse livro, ouvi muitas opiniões a respeito, em grande parte ouvi pessoas dizerem que este livro tratava-se sobre o amor desse homem mais velho para com essa garota. No entanto, enquanto este livro esteve sob meus olhares e interpretações, em nenhum momento eu cheguei a supor isso.

O que vi nesta história, foi o que provavelmente muitas meninas da idade de Lolita sofrem diariamente com muitos homens, quiçá até mesmo por seus parentes próximos. Outro ponto que observei neste livro, são evidentes diversos os momentos que Dolores mostra não gostar de Humbert Humbert. Ela o detesta. Ademais, é muito óbvio que o narrador nos esconde muitas coisas, são muitos os diálogos em que ele não reproduz completamente suas falas e escreve apenas “ respondi”, isto é, não sabemos de fato o que ele falou e quais foram as suas reais intenções, visto que para um leitor mais atento é visível a forma como ele tenta convencer, manipular e utilizar meios, como por exemplo, justificando seus atos por um sentimento de amor.

Mas pessoal, muito cuidado: amor é uma coisa, obsessão é outra completamente diferente. O que presenciamos aqui é um homem o qual tem problemas psicológicos (que ele deixa claro durante o início da história), pedófilo e que cria em sua mente uma personagem chamada Lolita. Por outro lado temos Dolores, uma garota, de 12 anos, que acabou de perder a mãe, está órfã e não tem absolutamente ninguém.

Em resumo, Lolita é a fantasia de um homem completamente deturpado; Dolores, uma criança desprotegida como muitas no mundo real estão.
Digo isso, porque em algum momento começaram a romantizar esta história como uma história de amor, porém, o que lemos neste livro é o oposto do amor.

Não romantizem Lolita. Pensem pelo lado de Dolores.

Neste caso em especial, muito cuidado com as entrelinhas.

Até outras resenhas. 

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