Anna Karienina, de Liev Tolstoi
“Todas as famílias felizes se parecem, cada família é infeliz à
sua infeliz a sua maneira”
TOLSTOI, Liev. Anna Kariênina.P. 14
É com essa
famosa frase, que este livro de grande porte, poderíamos descrever assim este clássico da literatura russa, nasceu.
Mas acredite, é uma leitura muito proveitosa e fluída da qual muitas vezes,
esquecemos de estar com um calhamaço em mãos.
Embora o livro seja intitulado como Anna Kariênina, o enredo em si não
trata necessariamente apenas desta personagen. Lievin, Kitty, Vronsky, Alexei
Alexandrovich, Stepan, são pessoas que englobam e tornam todo o universo do
livro, importante para os acontecimentos da narrativa.
Uma vez que trai sua esposa, Stepan recorre a sua irmã Anna para
uma conversa com o objetivo de reatar com sua esposa e convencê-la de que ele é um
inocente rapaz arrependido de suas atitudes inocentes. Nesta viagem, Anna conhece
Kitty, até então seguindo em dúvida de quem escolherá para casar: o homem do
campo, filosofico e fofo Lievin ou o príncipe Vronvsky, obviamente por questões sociais,
familiares e status, Kitty escolhe a Vronsky.
Até aqui, tudo tranqüilo e até mesmo entediante.
No entanto, ocorrerá um baile para anunciação do noivado de
Kitty e é aqui que ela conhece Anna, em que o narrador nos descreve suas primeiras impressão é de que Anna era
uma mulher muito linda, inteligente, sedutora com um jeito charmoso de falar,
andar e agir, mesmo usando roupas muito simples. E é neste baile o qual Anna
conhece Vronski e ambos trocam uma dança com movimentos extremamente sensuais,
a tal ponto de constranger a todos ao redor. Todos, inclusive Kitty, percebe
que há algo a mais entre esses dois, o que a deixa extremamente triste e
angustiada levando mesmo a terminar o noivado.
Neste momento, os rumores são muitos, até porque Anna é casada
com um homem de extrema importância em Moscou, Alexei Alexandrovich Karienin e
tem um filho, Serioja Karenin. Ademais, mais para frente, descobre estar
grávida de uma menina, Annie. Contudo, ao encontrar-se com maior freqüência com
Vronski, acabam por viver um romance escondido. Enquanto isso, Kitty cai em
depressão, levando a pensar que trocou o homem a qual realmente se interessava,Lievin,
por um o qual a trocou por outra. Lievin, por outro lado, leva sua vida
tranquila no campo, escrevendo um livro sobre agricultura.
Tudo bem, até aqui
Mas depois de realmente afirmar o relacionamento com Vronski,
Anna ao pedir o divorcio recebe rudes respostas de Alexei Karenin, que entra em
determinados graus de depressão e auto estima baixa após o abandono. Por outro
lado, Lievin recebe a notícia que Kitty está praticamente doente depois do
abandono de Vronski, livre e de toda a situação causada pela vinda de Anna. Ele fica feliz, pois ama Kitty incondicionalmente. Em uma de suas visitas a
cidade, ele finalmente conversa com ela e entram em acordo para casarem-se.
“Por mais que se esforçase,
não conseguia amar a menina e não conseguia simular o amor.
TOLSTOI, Liev. Anna
Kariênina.P. 668”
“E por mais lindos, por mais
desnudos que esteja os braços de Anna, por mais belo que seja todo o seu talhe
e o seu osto caloroso cercado por esses cabelos pretos, ele encontrará
melhores, como procura e encontra o meu repugnante, deplorável e caro marido”
TOLSTOI, Liev. Anna
Kariênina.P. 640”
As histórias vão se retorcendo. Anna e Vronski antes tão
felizes, jovens e sensuais, acabam por decair no relacionamento, visto que Anna
vai mostrando uma personalidade completamente egoísta e Vronski começa a perder o encanto inicial
a respeito de Anna. Com a constante negação de divorcio por Alexei, ela cai em
profunda depressão e desprezo, mostrando-se uma mulher completamente complexa.
Ao ter sua filha, Annie, fica completamente doente e chama por Alexei, que por
esses momentos, está completamente tomado pelo ódio para com Karienina.
De qualquer forma, assistimos a derrocada da vida de Anna. A sua
indiferença para com os filhos, tanto Serioja e Annie, são visíveis. Há uma
trecho, em que mostra a saudades de Serioja frente a ausência da mãe, para ele,
todas as mulheres de cabelos negros e perfis bonitos eram sua mãe. Ao descrever
essa situação, percebemos o quanto Tolstoi trabalhou nas palavras de uma forma
genial, simples e ao mesmo tempo nos fazendo refletir.
“Tímido, desde antes, no trato com o pai, Serioja, agora que
Aleksei Aleksándrovitch começara a chama-lo de jovem rapaz e que sua cabeça era
assediada pelo enigma de saber Vrónski era um amigo ou inimigo, esquivava-se do
pai. Como se pedisse proteção, olhou sobre o ombro da mãe. Só com ela sentia-se
bem”
TOLSTOI, Liev. Anna
Kariênina.P. 212/213
Uma das sua ocupações prediletas era procurar a mãe, no horário
de seu passeio. (...) Toda mulher bem fornida e graciosa, de cabelos escuros,
era sua mãe. Ao ver tais mulheres erguia-se em sua alma um sentimento de
ternuratão grande que ele sufocava, e surgia lágrimas em seus olhos. “
TOLSTOI, Liev. Anna
Kariênina.P. 527
Enquanto isso, o casamento entre Lievin e Kitty, mesmo com
problemas iniciais, vão tomando suas respectivas formas de maneira a estar
quase perfeito.
O restante do livro se foca na dicotomia entre uma família e
outra, as comparações entre uma família infeliz a sua maneira e uma outra feliz
como todas as outras famílias felizes, retomando a frase inicial do livro. O
final de Anna, seus últimos pensamentos nos mostra o quanto ela se torna
egoísta e até nos faz ter muita raiva e desprezo por essa personagem.
É um livro com muitas camadas, mas de forma alguma é um livro
recusável. A escrita do Tolstoi nos convida para diversas reflexos sobre a
vida,a morte e também sobre o caráter humano. Os personagens estão longe de
serem perfeitos, são necessariamente embasados pela humanidade contidos em cada
um de nós e esse escritor nos mostra tanto a felicidade vista por um outro
aspecto, quanto a tristeza em grande escala.
Não se assuste com o tamanho, até porque esse livro está
disponível em e-bool no Le-livros na tradução publicada na antiga Cosac Naify, AQUI.
Leiam com muito carinho,
Viva a leitura!!!
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