O Crepúsculo dos Ídolos, de Friedrich Nietzsche


Uma das últimas obras do autor, inclusive a penúltima antes de enlouquecer, conta com um resumo de todas as suas obras, isto é, acerca-se de muitos assuntos já tratados pelo autor em outros livros.

O autor faz muitas criticas a muitos assuntos usando a citação de muitos e muitos filósofos, artistas, escritores, cientistas para explicar sua forma de pensar. A crítica ao cristianismo é recorrente, sempre a ressaltar suas teorias tratadas no Anticristo de forma direta ou indireta. Entretanto, os assuntos dos quais mais me interessaram, foram a questão da crítica de Nietzsche em relação a educação e sociedade alemã, isso em uma época quando suas teorias eram lançadas, ou seja, quando nem mesmo a população alemã e mundial pudessem pensar a respeito de uma Segunda Guerra que poria uma grande ameaça ao mundo:

“A terra dos alemães é considerada cada vez mais a terra rasa da Europa. Ainda procuro por um alemão com quem e possa ser sério à minha maneira - e muito mais por um com quem eu possa ser sério à minha maneira”
Nietzsche, Friedrich. Crepúsculo dos ídolos.P. 69. Editora L&PM Pocket.

“O sistema inteiro de educação superior da Alemanha perdeu o principal: o fim, bem como o meio para alcançar o fim.(...) que para alcançar esse fim se necessita de educadores  e não de professores ginasiais ou eruditos universitários... São necessários educadores que sejam eles próprios educados”
Nietzsche, Friedrich. Crepúsculo dos ídolos.P. 70. Editora L&PM Pocket.

“Esse é o caso, por exemplo, do cristão genuíno,o caso de Pascal, por exemplo: não existe cristão que seja ao mesmo tempo a artista... E que ninguém seja infantil e me venha com Rafael ou algum cristão homeopático do século XIX: Rafael era afirmador, Rafael agia de modo afirmativo; logo, não era cristão...”
Nietzsche, Friedrich. Crepúsculo dos ídolos.P. 83. Editora L&PM Pocket.


“Aprender a pensar : não se tem mais noção disso em nossas escolas. Mesmo nas universidades, inclusive entre os verdadeiros eruditos da filosofia, a lógica começa a se extinguir da teoria, comko prática, como teoria. (...) Leia-se livros alemães : nem sequer a mais remota lembrança  de que pensar se necessita  de uma técnica , de um plano de ensino, de uma vontade de se alcançar a maestria. “
Nietzsche, Friedrich. Crepúsculo dos ídolos.P. 73. Editora L&PM Pocket.



Doravante a isso, o livro também tem repletas filosofias a respeito da identidade humana, uma forma psicológica, um estudo psicológico sobre erro, acertos e aceitação ao próximo. Além disso, a constante crítica ao cristianismo remetendo ao Anticristo, também escrito pelo autor. A constante crítica a alguns autores e filósofos antigos  antigos como Sócrates o qual é dedicado o primeiro capitulo, sendo retomado no penúltimo. Nietzsche também cita Victor Hugo, Rousseau, Dante, Kant, Zola dentre outros que, confesso, não conhecia. Ademais, é de perceber a constante visão pessimista para com os psicólogos:


“Casuística de psicólogos  Eis um conhecedor de seres humanos: para que, propriamente, os estuda?Ele quer tirar pequenas vantagens deles, ou mesmo grandes... ele é um político! (...) Talvez ele queira inclusive uma vantagem muito mais séria: sentir-se superior às pessoas, poder olha-las de cima, não ser confundido com elas. “
Nietzsche, Friedrich. Crepúsculo dos ídolos.P. 88. Editora L&PM Pocket.

“Meus impossíveis – Sêneca: ou o toureiro a virtude. -Rousseau: ou o retorno a natureza in impuris naturalibus. -Schiller: ou o trompetista moral de Säckingen. – Dante:ou a hiena que faz poesia nos túmulos. – Kant: ou a cant como caráter inteligível. – Victor Hugo: ou o farol no mar do absurdo. – Listz: ou a escola da agilidade. (...) –John Stuart Mill: ou a clareza ofensiva. – Os irmãos Goncourt: ou os dois ajaxes em luta contra Homero.”
Nietzsche, Friedrich. Crepúsculo dos ídolos.P. 75. Editora L&PM 
Pocket.


Entretanto, a máxima da obra é realmente a questão do Martelo, último capítulo do ensaio o qual é formado por uma breve história que nos faz refletir sobre o objeto martelo: ele constrói, mas também destrói.


Foi uma leitura que me trouxe muitas surpresas, pois nunca tinha lido Nietzsche e imaginei que seria um pouco mais difícil, ao contrário a linguagem é de bom entendimento. Contudo, embora seja cuto, é um livro que exige releituras até mesmo para entender as variadas filosofias propostas em decorrente a variados assuntos. Em obras filosóficas desse gênero, é muito perigoso se dizer que absorveu toda a ideia do filósofos.

É um livro muito acessível, suas edições geralmente tem preços bons e muitos disponível em PDFs. A edição da L&PM Pocket contém muitas notas de rodapés, as quais facilitam o esclarecimento de alguns termos muito avançados da filosofia. 

Cuidado com as entrelinhas,


Uma excelente e proveitosa leitura!

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