Gente Pobre, de Fiódor Dostoiévski



Romance escrito por cartas, ou em maneira mais técnica,um romance epistolar. Foi o primeiro livro escrito por Dostoiévski quando ele ainda tinha 25 anos e embora eu tenha lido apenas Crime e Castigo do autor, a sensação de leitura foi praticamente a mesma. Isto é, um grande sendo grande desde cedo. 

A sensação de agonia, desespero e tristeza dos personagens são facilmente sentidas por nós leitores. O enredo é formado pela troca de cartas de duas personagens: Varvara Dobrosiólova e Makar Diévuchkin, dentre os restantes aleatórios citados nas conversas difusas de ambos. Cada carta é um relato do dia e das constantes dificuldades que eles passam no emprego e dentre as pessoas. Ademais, as circunstâncias e sentimentos os quais os personagens vivem são bem apresentados no decorrer da leitura:



“ Devo informá-la, Varvara Alieksiêievna, minha filha, de que esta noite, contrariando as expectativas, dormi um sono só, o que me deixou realmente satisfeito; embora num alojamento novo, de casa nova, é como se a gente nunca fosse conseguir pegar no sono; fica sempre parecendo que há algo errado!”
DOSTOIÉVSKI, Fiódor. P. 12. Editora 34.
 

"Tenho a impressão de ter ficado duas vezes mais velha desde que escrevi a úlltima linha dessas anotações. Isso tudo foi escrito em diferentes períodos. Até logo, Makar Alieksiêievitch! Tenho sentido um tédio terrível e muitas vezes sofro de insônia. Que convalescença mais enfadonha!”
DOSTOIÉVSKI, Fiódor. P. 32. Editora 34.



Um dos pontos mais atraentes do livro são as trocas constantes de literatura russa entre os personagens, dentre eles O Capote de Nicolai Gogol que você pode ler através do link abaixo:



Este conto fará parte da história e será importante para a narrativa e cartas, além de gerar conflitos internos e questionamentos.



“(...) Desejei, e ali mesmo tomei a decisão de ler seus livros, todos , do primeiro ao último, e o mais rápido possível. Não sei, pensava, pode ser que, depois de aprender tudo o que ele sabe, serei mais uma digna de sua amizade.”
DOSTOIÉVSKI, Fiódor. P. 48. Editora 34.

“’Oh, não- respondeu-me ele - , não, dê só uma olhada, que livros bons há aqui; há uns livros muito, mas muito bons!”(...) tive a impressão que estava prestes a chorar, porque livrinhos bons são caros. “
DOSTOIÉVSKI, Fiódor. P. 57. Editora 34.





Gosto de romances epistolares e é mais do que uma boa pedida para quem quer começar a ler Dostoiévski antes dos mais espessos e com maior complexidade, como é o caso de Crime e Castigo e O Idiota, por exemplo. 


Uma boa leitura a todos.

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