Pax, de Sara Pennypacker
“-Quando a guerra chegar, eles vão ficar descuidados.
-O que é a guerra?
-Tem uma doença que às vezes dá nas raposas que as faz deixar de agir de maneira normal e atacar estranhos. A guerra é uma doença humana parecida.”
Nesta trama infantojuvenil contemporânea, o leitor acompanhará uma vastidão de assuntos delicados, dentre eles o luto, saúde mental infantil, apego e substituição e amizades.
A história inicia-se com de uma raposa doméstica sendo libertada para a imensidão da floresta, no entanto nesse mesmo instante conhecemos Peter do qual chora incessantemente e parece desgostoso com a ideia de deixá-la. Em seguida, seu pai insiste de maneira feroz na separação de ambos, o que causa confusão ao leitor do real sentido de tal cena.
Conforme o enredo segue conhecemos mais a fundo os personagens, especificamente Peter e a Raposa Pax. Aquele, vivendo uma infância melancólica marcada pela morte da mãe, da qual associa à despedida de Pax como uma forma de reviver tal luto; este, contudo, passa a conhecer uma nova vida em meio às matas, confuso, disperso e amedrontado.
Porém, mesmo com as adversidades, amizades e outras personas surgem na história provocando bons momentos de amizade e reflexão sobre deixar chegar e deixar ir.
Apesar de ser uma história infantojuvenil, Pax é uma narrativa a qual apresenta assuntos delicados como é o caso das várias faces do luto, o que rapidamente pode ser associado ao texto “Luto e Melancolia”, de Sigmund Freud.
Quando se fala em luto vem à mente a morte física, no entanto, o luto segundo Freud, também pode se expressar a partir de diversas situações como o término de diversas formas de relacionamentos ou, até mesmo e talvez o mais comum, a morte e despedida de si mesmo durante a vida, perda da identidade, episódios depressivos e ansiosos, de maneira a qual a pessoa envolve-se e perde-se dentro dos labirintos da própria mente até não conseguir mais voltar a si própria chegando à beira da loucura e, por vezes, ao extermínio próprio.
Em contrapartida, há a reflexão da morte como espaço para o nascimento de algo. Neste momento estão ocorrendo diversas mortes, mas há bebês nascendo e assim, como um círculo que nunca termina, mas apenas retorna para seu estado inicial, vivemos.
Recomendado!Bonito livro!
Cuidado com as entrelinhas e até a próxima resenha.
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