Incidente em Antares, de Érico Veríssimo
“O tempo
tem muita força.”
“Há
milênios os melhores cérebros que a humanidade tem produzido vêm se debruçando
sobre os mistérios da vida e da morte. Ninguém, que eu saiba, disse ainda a
palavra definitiva.”
“Tenho
a impressa de que somos passageiros sem bagagem que perderam um trem e estão
esperando o próximo, que ninguém sabe quando vai passar. Como nossos bilhetes
estão em branco, não sabemos qual é o nosso destino.”
Publicado
em 1971, o livro é uma clara crítica ao sistema governamental da época, a
ditadura e também foi o último livro escrito pelo autor.
A história
é dividida em duas partes, sendo sua primeira caracterizada pela apresentação
detalhada dos personagens, da região Antares, como se portavam, intrigas,
amizades, políticas, religiões dentre outros aspectos. Dessa maneira, como se
estivéssemos lendo um relatório de algum trabalho de campo de Ciências Sociais,
o enredo é contado. Logo depois, adentra-se na segunda parte da história, isto
é, a melhor parte do livro.
É um livro
difícil de descrever, visto que é repleto de camadas e acontecimentos, mas
pode-se resumi-lo em uma mistura de um bom livro didático de história com alguns
elementos de Walking Dead, com um pouco de comédia. Os elementos
fantásticos/metafóricos são as partes mais interessantes visto que nesses
momentos dos quais apresentam as maiores críticas ao sistema político, à
burguesia, às práticas de tortura feitas pelos militares e às contradições da
sociedade humana em geral. Além disso, em algumas passagens da segunda parte
lembra muito o livro Bobók, de Dostoiévski.
A história
foi adaptada para uma minissérie disponível na GloboPlay, que conta no elenco
com a Fernanda Montenegro.
Recomendado,
principalmente porque apesar de ter sido escrito há tanto tempo é um pouco
assustador como é atual.
Cuidado com
as entrelinhas, até a próxima resenha.
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