A náusea, de Jean-Paul Sartre
“Meus estranhos sentimentos da outra semana me parecem hoje bastante ridículos: já não me identifico com eles.”
“Claro que
não, nada disso existe. Nem a juventude, nem a idade madura, nem a velhice, nem
a morte.”
“Talvez o
senhor seja um misantropo?”
“-É porque
estou pensando – digo rindo – que aqui estamos, todos nós, comendo e bebendo, para
conservar nossa preciosa existência, e que não há nada, nada, nenhuma razão
para existir.”
Este foi o primeiro romance do autor e o que ele mesmo mais
gostava. Além disso, aborda de maneira prática a partir da vida de um homem comum, o que
seria a sua teoria do existencialismo.
O enredo é contado em formato de diário, quem o escreve é
Antoine Roquentin, que está nesta cidade temporariamente a fim de realizar uma
pesquisa sobre uma figura histórica do qual ele pretende escrever um livro. Sentindo-se um pouco angustiado com a solidão a qual aquela cidade pequena provoca começa a
escrever um diário em que acompanharemos seus sentimentos, pensamentos, percepções
e observações das pessoas, situações das quais o ocorrem.
Alguns personagens adjacentes também chamam atenção em
suas anotações sendo eles o Autodidata e Anne, esta uma mulher que ele é
apaixonado e passa mais da metade do livro falando sobre como quer encontrá-la
novamente. Aquele, no entanto, é um homem que tem como objetivo ler todos os
livros da biblioteca por ordem alfabética; É o seu oposto do qual ele admira e
sente ódio ao mesmo tempo.
Este é um livro muito pessoal, pois o tenho como uma régua de
como está meu entendimento do mundo conforme o tempo passa. O li pela primeira
vez com quinze anos, depois aos vinte e dois e agora com a idade atual. Dessa maneira, afirmo
através dessa experiência que talvez só agora entendi esse livro e pude
aproveitá-lo melhor, embora das outras vezes eu também tenha gostado muito, mas
focado em aspecto diferentes.
Roquentin nada mais é do um homem ordinário, ele não romantiza a
vida o tempo todo. Ele é o que mais falta hoje em dia: o real, o ser humano
descrito por Álvaro de Campos em Poema em linha reta, aquele nu de filtro no Instagram, aquele que admite para si mesmo ser medíocre e admitindo sua
mediocridade.
É um dos melhores livros que já li e, em cada releitura, essa
paixão reacende.
Mais do que recomendado, necessário.
Cuidado com as entrelinhas, até a próxima resenha.
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