A dança da morte, de Stephen King

 


“Preciso lhe dizer o que a sociologia nos ensina sobre a raça humana? Eu lhe direi isso em poucas palavras. Mostre-me um homem ou uma mulher solitários e lhe mostrarei um santo. Dê-me dois e eles se apaixonarão. Dê-me três e eles inventarão essa coisa encantada que chamamos de ‘sociedade’. Dê-me quatro e eles construirão uma pirâmide. Dê-me cinco e eles transformarão alguém num pária. Dê-me seis e eles reinventarão o preconceito. Dê-me sete e em sete anos eles reinventarão a guerra. O homem pode ter sido feito à imagem e semelhança de Deus, mas a sociedade humana foi feita à imagem e semelhança de seu oposto, e está sempre tentando voltar para casa.”

 

Publicado em 1978, o livro trata de um assunto bastante atual por todos nós, pois a temática volta-se para uma pandemia nomeada de supergripe, a qual afeta todos que estão inseridos nessa história.

A narrativa contém diversos personagens tornando a história até mesmo isenta de um protagonista ou herói, até porque todas as pessoas descritas são completamente o oposto do termo: confusas, perdidas e de caráter duvidoso. Entretanto, bem ao início o leitor acompanha o desenrolar do que virá a ser uma pandemia e, como de conhecimento de todos nós é transmitida através de contato humano, até ganhar uma proporção imensa, ocorrendo em mortes, tristezas e comprometimento da estrutura social. Assim, temos futuramente pessoas que mudam demais conforme a leitura se passa, aquele que você amava no início pode vir a tornar aquele o qual mais odiará no final e vice e versa.

São diversos personagens e demora um tempo para nos aprofundarmos e até mesmo chegar ater afeto por algum, pois como dito, uma boa parte tem atitudes muito estranhas, exceto Frannie e Nick Andros, este último um rapaz surdo-mudo, sensível e observador, ambos são meus preferidos da trama. Vale ressaltar, que todos eles são pessoas totalmente diferentes entre si, do quais sem o advento da pandemia, dificilmente iriam conversar entre si e estabelecer qualquer contato. 

Este é um dos livros mais complicados de classificar do King, pois fica no limiar entre ficção cientifica, sobrenatural, pós-apocalíptico e fantasia, de forma que mostra a versatilidade do autor e a maneira como conforme conhecemos Stephen King, passamos a compreender que a fama de ser um escritor apenas de terror é algo um pouco raso.   

Ademais, este livro com o qual seu título original é The Stand, foi um dos que inspiraram os produtores e roteiristas da série LOST. Inclusive, tem um vídeo dos produtores falando sobre isso e você encontra no seguinte link: https://www.youtube.com/watch?v=lGMghIpdUdU . Além disso, o livro foi adaptado por uma série de 1994 e atualmente, 2020, disponível pela Amazon Prime Video. 

Tornou-se um dos meus preferidos do autor, porém caso esteja querendo ou imaginado encontrar algo tenebroso, o mais assustador que encontrará é a semelhança absurda com a pandemia que vivemos. Recomendo Carrie, Christine ou O Iluminado, no caso de estar mais sedento por elementos de terror.

Cuidado com as entrelinhas e até a próxima resenha. 

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