O tambor, de Günter Grass

 


“(...) porque cá entre nós, o final é sempre um princípio, e há esperanças em todo final, mesmo no mais definitivo dos finais . Assim está escrito. Enquanto o homem esperar, voltará sempre a começar a esperar o final cheio de esperanças.”

 “Nessa época, todavia, não estava preparado para acreditar que os dias relativamente serenos e lúdicos de minha infância se encerravam com a morte do vendedor de brinquedos.”

“ ‘Oskar, você me ama?’ Respondi sem me voltar: ‘ Que eu saiba não.’ E ele, sem elevar a voz: ‘ Oskar, vocÊ me ama?’ Repliquei áspero: ‘Sinto muito, mas nem um pouco!’ A voz incomodou-me pela terceira vez: ‘ Você me ama, Oskar?’ Olhei-o bem na cara: ‘Odeio você, rapazinho, você e seu ratatá!’. “

                    

Este foi com quase certeza, um dos melhores livros lidos esse ano. Considerado uma sátira do romance de formação, apresenta momentos divertidos enquanto outros, melancólicos e singulares.

O enredo será contado em primeira pessoa por Oskar, mas ele mesmo falará dele em terceira pessoa. Um personagem um tanto quanto peculiar, desde o início da história, seremos informados de que ele está internado em uma clinica psiquiátrica, cujo o motivo é ocultado por um longo tempo. Ele carrega consigo um tambor, que cada vez tocado invoca alguma imagem do passado de e, dessa forma, temos uma visão de toda a sua vida, desde o nascimento, adolescência, vida adulta, mulheres e família, aspectos dos quais são caracterizados por momentos inusitados e carregados de sarcasmo.

Apesar de suas seiscentas páginas e ser um pouco pesado de carregar, este foi um livro que amei ler especialmente por causa do Oskar, um personagem diferente de muitos que pude ter a oportunidade de conhecer, pois foram diversas as passagens engraças e divertidas, também acompanhados de trechos mais introspectivos e melancólicos. Além disso, é um livro ambientado durante e pós Segunda Guerra Mundial, retratada de forma bem equilibrada. É repleto de símbolos e personificações, vide o próprio tambor do título que atravessa a história sempre com algum significado diferente em cada fase de sua vida. Ademais, é um personagem que se aproxima do anti-herói, isto é, teremos aqui um ser imperfeito, mal-caráter, que comete erros mais do que acertos e, mesmo assim, gostamos. Não sou de sentir falta de personagens fictícios, mas Oskar foi uma companhia perfeita durante o tempo em que o li.

Há um filme homônimo, de 1979, inspirado no livro, com direção de Volker Schlöndorff.

Mais do que recomendado!

Cuidado com as entrelinhas e até a próxima resenha.

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