O mito de Sísifo, de Albert Camus
“É preciso
imaginar Sísifo feliz”.
A primeira vez que ouvi falar deste livro foi por causa de uma
aula. A professora, às dez e alguns minutos da noite, olhou fixamente para a turma e
nos perguntou o que nos motivava a estar vivos. Houve um silêncio não confortável e, percebendo isso, recomendou-nos essa leitura para sabermos
a resposta. Eu, que ainda era jovem e o mundo ainda girava sem corona vírus, guiada com uma rotina de trabalhar e estudar, cansada e com muito, mas muito sono, fui para
casa naquele dia pensando sobre o que me fazia me manter viva. Mas, só o peguei para ler esses dias, pois achei pertinente com o momento.
Ao contrário de “A Peste” e “O Estrangeiro”, este livro traz a
proposta de um ensaio influenciado pelo Sísifo, personagem da mitologia grega
caracterizado por carregar uma pedra até o alto de uma montanha, o que levava
um dia inteiro, ao chegar ao topo simplesmente a soltava para que no outro dia
iniciasse a subida novamente.
Esta história fez com que Camus refletisse, de modo geral, que
não somos tão diferentes de Sísifo quando nos referimos a questão do sistema de
trabalho o qual estamos atualmente condenados e inseridos, mas também a
diversos âmbitos da vida em geral. Aliás, o que realmente nos mantêm vivos? O que nos faz
seguir em frente, apesar de tudo? Em geral, as respostas serão inteiramente
individuais, mas de certa maneira serão motivos que, ao meu entender, sempre
cairão em algo relacionado a esperança: esperança de ter um emprego melhor, de
mudar de casa, terminar a faculdade, um filho, a busca por um amor, a pandemia
acabar, enfim, como diria Renato Russo “ cada um tem suas próprias razões”.
As impressões que tive nesta desta leitura é: perigo. Dependendo
da fase de vida que você está, as primeiras páginas podem ser delicadas,
beirando a gatilhos, pois terá dois capítulos dedicados ao suicídio. Também
teremos descrições e explicações sobre a teoria do absurdo, chamado por muitos estudiosos apenas de "O Absurdo de Camus", o qual pode-se confundia com teorias existencialista das quais o autor em questão não é adepto. Apesar de a
proposta do ensaio ter a intenção de, pelo menos ao meu ver, trazer uma visão até
mesmo otimista da realidade, vide a frase “É preciso imaginar Sísifo feliz”,
mesmo assim existiram trechos que me deixaram em crises existências profundas, e
apesar de me considerar uma pessoa pessimista, fiquei bem triste. Contudo, de um modo
geral, é um excelente livro, porém deixo o aviso de que pode deixar você pior
do que está.
Agora, visto que Camus deixa a entender que a satisfação é totalmente individual, depois de tudo, a minha conclusão pessoal sobre o que me mantém viva. Bom, a
leitura e filmes. Serei mais dramática:são essas duas vertentes
culturais das quais salvam todos os dias minha vida, mesmo antes da pandemia.
Só de saber que ainda existem muitos personagens e histórias para conhecer, ao
invés de ter ansiedades eu fico feliz e sigo em frente, pois depois de um dia
cansativo e, muitas vezes, triste, eu sei que ao anoitecer, aconchegada em minha cama, junto a um
lanchinho, terei o prazer de conhecer algum personagem, uma narrativa que me
faça esquecer, mesmo que por alguns instantes, tudo.
E vocês, o que lhes mantêm vivos?
Uma boa leitura a vocês e tentem ler quando estiverem bem
psicologicamente.
Cuidado com as entrelinhas e até a próxima resenha.
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