A Hora da Estrela, de Clarice Lispector
“Pensar
é um ato, sentir é um fato”
A principal obra de Clarice Lispector, usada em escolas,
faculdades ou apenas por prazer, A Hora da Estrela é, antes de tudo, um dos
maiores enredos que o modernismo nos proporcionou.
O livro foi publicado em 1977, último de uma coletânea de nove
romances escritos pela autora. A Hora da estrela é caracterizado por ser
diferenciado de suas demais obras, por vezes intimistas e demasiados fluxos de
consciência.
Clarice por sua vez, escreve o texto sob o pseudônimo de Ricardo
S.M, que apresenta comportamentos adversos e contraditórios durante a história:
ao mesmo tempo que descreve Macabéa como uma pessoa não-atraente, instantaneamente demonstra intenso afeto e atração pela personagem. De qualquer modo, tudo
o que sabemos sobre a protagonista é a partir do ponto de vista desse
misterioso narrador.
Passamos, portanto, para Macabéa, moça alagoana e personagem central do livro. Ela representa uma população a qual estava em predominância na década de 60, 70 e 80, os migrantes que eram do nordeste e chegavam, enfim, as “cidades grandes”, vulgo São Paulo e Rio de Janeiro – este último onde o livro se passa.
Ela não tem pai, mãe ou alguém que sinta sua falta. Apresenta
uma personalidade inocente, tristonha, quieta, todos os adjetivos camuflados
pela tranqüilidade. Em diversos momentos, sentimos pena de Macabeia e isso é
inevitável para muitos leitores, embora represente a realidade de muitas
meninas que vieram e ainda vem a um ambiente desconhecido por completo.
Apesar de todas as adversidades, Macabéa consegue um emprego de
datilografa e moradia em uma pensão onde também moram mais três meninas. Além
disso, também conhece um rapaz ao decorrer do livro, do qual viverá um
relacionamento que podem despertar diversas discussões, artigos, ensaios e
interpretações.
A experiência de ler Clarice Lispector nos desperta o humano que
existe dentro de nós, mas esquecemos de vez em quando. O livro é repleto de
frases de efeito, das quais podem ser comentadas e estudadas por uma tarde
inteira. Li a hora de estrela duas vezes, por um intervalo de dez anos e posso
dizer que reler um livro é sim uma atividade de auto-conhecimento de grande importância
para nos conhecermos e para compreendermos melhor o autor.
Leiam Clarice, não apenas uma vez, porque ela é uma autora para
a vida inteira e suas palavras são atemporais.
Encontrem o livro no Lê Livros, em diversos formatos, clicando AQUI.
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