O Mundo Assombrado Pelos Demônios, de Carl Sagan



Considerei, particularmente, uma bíblia da ciência e do ceticismo. Com uma linguagem fácil, rápida e acessível, o falecido apresentador e criador da série Cosmos, demonstra um conhecimento histórico e cientifico muito peculiar. Em síntese, um livro ideal para ser tratado nas escolas.

São muitos os assuntos abordados, mas em resumo ele realmente não esconde sua critica frente a um mundo das pseudociências , critica a religiões, noticias falsas sobre alienígenas para justificar algum erro social, o uso das ciências para manipulação e venda de produtos de beleza e medicamentos e a astrologia cada vez mais em peso padronizando as pessoas. Ademais, os lindos resgates históricos para explicar tudo isso é feito de maneira tão bonita, que Carl facilmente entra em nossos corações.

O mais incrível é que o livro foi publicado em 1997, mas relata fatos que estão em perfeita sintonia com temáticas atuais. É o caso da astrologia em brusca ascensão. Eu,  apesar de ler revistinhas de João Bidu quando criança e ainda ser atraída pelo assunto, confesso que depois de ler me veio a reflexão de que as vezes acreditamos nisso,pois por um desejo interno queremos  realmente que o universo tivesse algum poder sobre nós. No entanto, é difícil perceber que o universo, é apenas o universo fazendo seu trabalho de cuidar das estrelas, meteoritos e asteróides.  

“O emburrecimento da América do Norte é muito evidente no lento declínio do conteúdo substantivo nos tão influentes meios de comunicação, nos trinta segundos de informações que fazem furor ( que agora já são dez segundos ou menos), na programação de padrão nivelado por baixo, na apresentação crédula da pseudociência e da superstição, mas especialmente numa espécie de celebração da ignorância.”
SAGAN, Carl. P.43. Ed. Companhia das Letras

“Mas as ferramentas do ceticismo em geral não estão à disposição dos cidadãos de nossa sociedade. Mal são mencionadas nas escolas, mesmo quando se trata da ciência, que é seu usuário mais ardoroso, embora o ceticismo continue a brotar espontaneamente dos desapontamentos da vida diária”
SAGAN, Carl. P.100. Ed. Companhia das Letras

Ademais, a questão dos alienígenas é algo muito presente no livro. Mais uma vez, algo que acredito fielmente, mas por alguns argumentos impostos, penso mais uma vez se não seria apenas uma esperança de não estarmos sozinhos. E se realmente estamos sozinhos?  Ou se não estamos, mas essas criaturas não são nada correspondentes ao que aparece em Alien – o Oitavo Passageiro? Ou no Star Wars? Ou os da série Contato Imediato? Ou o queridíssimo E.T? ou se parece com nós fisicamente, mas está entre nós? Será que VOCÊ é um alienígena?


“ As vitimas dos raptos afirmam frequentemente ter visto “alienigenas” em sua infância -  entrando pela janela, saindo de dentro do armário ou embaixo da cama. Mas em toda parte do mundo as crianças contam histórias semelhantes -  com fadas, gnomos, duendes, fantasmas, diabretes, bruxas, diabinhos e uma rica variedade de ‘amigos’ imaginários. “
SAGAN, Carl. P.133. Ed. Companhia das Letras

“Como os entuasiastas de visitas extraterrestres são rápidos em me lembrar, há certamente outra interpretação desses paraleleos históricos: os alienígenas, dizem eles, sempre nos visitaram, intrometendo-se na nossa vida, roubando nossos espermas e ovos, fecondando-nos.”
SAGAN, Carl. P.153. Ed. Companhia das Letras

“Nos tempos antigos, nós os reconheciamos como Deuses, demônios, duendes ou espíritos; só agora compreendemos que são os alienígenas que têm nos enganado durante milênios”
SAGAN, Carl. P.153. Ed. Companhia das Letras


De qualquer maneira, percebemos que diante de tantas ilusões a respeito de tantos argumentos, tanto do passado quanto do presente, torna o mundo assombrado pelos demônios, que seria um mundo cego e privado do ceticismo, elemento importante para não cair em armadilhas. É um livro oposto a obras como “Eram os Deuses Astronautas?”. Além de trazer críticas profundas quanto a televisão modelo de alienação dos anos 90. É bem provável que, se Carl Sagan estivesse vivo hoje a critica seriam as redes sociais.


Agora, me despeço.

Cuidado com as entrelinhas, elas podem destruir relacionamentos.

Uma boa leitura lhe aguarda!

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