Frankenstein, de Mary Shelley



“Mesmo quando as afeições não sejam motivadas por uma qualidade superior, os companheiros de nossa infância sempre possuem um certo poder sobre nossas mentes que dificilmente os amigos que se fazem depois podem conseguir. Eles conhecem nossas tendências infantis que, por mais que se alterem depois, jamais são completamente erradicadas; e podem julgar mais acertadamente nossas ações quanto à integridade de nossos motivos. (...) O mesmo não acontece com outros amigos, por mais firme que seja a amizade, pois há sempre a possibilidade de ser levantada uma suspeita.”


Livro escrito em 1818 quando a autora era apenas uma jovem de dezessete anos, Frankenstein foi e permanece sendo uma obra que causa diversas discussões científicas e adaptações cinematográficas. Esta foi uma releitura, pois a primeira leitura foi feita em uma edição em inglês quando ainda era estudante de inglês intermediário, portanto havia sentimentos intrusivos dos quais me pediam para revisitar a obra traduzida. 

No enredo seguiremos Victor Frankenstein, um cientista dedicado, solitário e estudioso do qual é apaixonado por autores estranhos repreendidos pelos seus professores e pais. O romance é relatado em lembranças fragmentadas de sua infância junto a sua prima Elizabeth e seu amigo, separados quando Victor inicia seus estudos na faculdade.  

No período universitário, compromete-se ainda mais em sua vida estudantil e passa a dedicar-se à “montagem” de sua grande criação que virá a ser o Monstro. Durante esse tempo Victor adoece, ficando muito, mas muito magro e com sintomas semelhantes a um burnout, afastando-se de sua família e amigos. No entanto, mesmo em meio a tamanha desordem emocional, ele consegue terminar a sua obra, mas ao olhar aquela imagem se decepciona e o abandona, causando revolta na criatura, que cada vez mais se vinga de maneiras assustadoras e violentas. 

Além de várias reflexões que essa história traz, uma das mais atuais é a questão do Homem e sua criação junto às consequências das quais vêm acopladas a isso. Atualmente vivemos as mudanças climáticas, por exemplo, que em grande parte é resultado das próprias ações, mas também das criações humanas. Victor é uma representação da humanidade em geral, cria-se tecnologias e expande os horizontes, de certa maneira, mas as sequelas não são devidamente estudadas. Ao mesmo tempo, nos tornamos Frankensteins de nós mesmos, monstros com sentimentos profundos. 

Um ótima leitura!

Cuidado com as entrelinhas e até a próxima!


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