O conde de Monte Cristo, de Alexandre Dumas

 



Publicado aproximadamente em 1846, este talvez seja um dos livros mais relevante, sentimentais, fundamentais, essenciais dentre outros adjetivos, não apenas para a  literatura francesa e universal, como para a humanidade em geral. Por isso, iremos por partes e devagar.

 

Sobre Alexandre Dumas (Pai)

Alexandre Dumas(pai) foi um escritor francês do qual fez bastante sucesso em sua época, escreveu além do Conde de Monte Cristo, Os três mosqueteiros e outras obras. Ele é chamado de “Pai” porque seu filho, Alexandre Dumas Filho, também é escritor e autor da obra “A Dama das Camélias”.

Nasceu na França e era filho de um marquês e de uma escrava, estudou em uma escola e perdeu seu pai logo cedo. Apesar disso, recebeu uma boa educação e segundo os registros tinha uma “caligrafia perfeita”.

Sofreu com diversas dificuldades financeiras e em uma dessas crises, passou a escrever para jornais com o modelo de folhetim, isto é, cada capítulo era divulgado ao jornal semanalmente e ganhava uma quantia por linhas. Isso fica visível no decorrer da leitura de O conde, porque em diversos momentos há diálogos bem curtos formados por monólogos “sim”, “não”; provavelmente, Dumas fazia isso pois iria ganhar uma dinheiro a mais apenas por escrever aquela linha.

Passou o final da vida exilado, fundando um jornal chamado “Os Mosqueteiros”.

 

Sobre o Conde de Monte Cristo

A história se passa a princípio na França, com o jovem Edmond Dantès retornando de uma viagem cuja qual ele foi capitão trabalho em que ele se destaca por exercer muito bem sua função. Assim, o único pensamento que acompanha Edmond durante esse período é receber um bom dinheiro, reencontrar sua noiva, Mercedes e também seu pai, já bastante idoso, casar e prosseguir com sua vida.

Entretanto, como se pode perceber, Dantès usufruía de um futuro promissor e confortável, visto que a partir da descrição do livro ele também apresentava uma personalidade agradável e gentil, até mesmo inocente. Entretanto, Mercedes era uma jovem bonita que despertava interesse amoroso em Fernand Mondego, primo da moça. Depois de diversas investidas sem sucesso e com bastante inveja de nosso amigo Edmond, ele trama juntamente com seus amigos uma armadilha para que Edmond seja preso e, dessa maneira, Mercedes fique livre.

O livro é espesso, tem mais de mil páginas, dividido em seis longas partes. Portanto, é um livro que apresenta altos e baixos, ou seja, tem momentos que realmente são muito bons de ler, outros nos emocionamos, outros não aguentamos mais e ficamos muito entediados. São muitos personagens que aparecem, retornam, aparecem novamente, de forma que se você com um ritmo bem devagar, que foi o meu caso, por vezes pode vir a esquecer de um ou outro detalhe.

Porém, é isso que torna o livro excelente, porque TUDO, acontecimentos, personagens, diálogos TUDO costura-se e encaixa-se no final. TUDO, absolutamente TUDO faz sentido no final.

 

Cuidado com as entrelinhas, até a próxima resenha.

 

 


COMENTÁRIO COM SPOILER

 

O enredo passa então a ser feito na prisão em que Edmond Dantès fica durante treze ou catorze anos, não me lembro exatamente. Tais páginas dentro da prisão são bastante tristes, pois passamos a ler a mudança de comportamento forçada para com esse personagem, a maneira como lida com a solidão extrema dentro da cela e seus mais variados pensamentos e desespero. Mas o que deixa tudo ainda mais triste é que ele é inocente e simplesmente foi jogado naquele fim de mundo apenas por... inveja.

Contudo, temos o aparecimento de um personagem primordial e com certeza o meu preferido de todo o livro: Abade Faria. Não tenho palavras para descrever o quando eu me apaixonei por ele, pois uma das passagens mais lindas do livro advém da declaração de Dantès antes de sua morte, além de ter sido fundamental para o desenvolvimento de Edmond no que viríamos a conhecer como Conde de Monte Cristo.

A amizade entre Abade Farias e Edmond Dantes considero uma das mais bonitas da literatura, a sinceridade e o cuidado entre ambos, tão perdidos e a maneira como se ajudam e compreendem um ao outro é realmente comovente, levando em consideração a situação em que ambos estão. Talvez, amizades como essa só se dêem em situações de extremo desespero, tristeza e desesperança, em momentos e ambientes dos quais não podemos escapar do julgamento alheio, de maneira que ao invés de julgar, apenas... entende-se. Isso é muito raro, talvez nenhum de nós teremos isso durante uma vida inteira.

 

“Dantès entrara no castelo de If com o rosto redondo, sorridente e desabrochado de um rapaz feliz, cujos primeiros passos na vida foram fáceis e vê o futuro como uma continuação natural do passado. Tudo isso mudara muito."

 

Seu rosto oval se alongara, sua boca sorridente assumira as linhas firmes e inflexíveis que indicam determinação, suas sombrancelhas se haviam arqueado sob ua ruga única, reflexiva; seus olhos achavam-se marcados por uma profunda tristeza, de cujo fundo irrompiam, de tempos em tempos, relâmpagos sinistros, misantropia e ódio.”

(Página: 293)

 

Sobre o tema Vingança

Para quem já leu o livro sabe que a vingança é praticamente o tema central da história.

Esse foi o que me atraiu à narrativa, pois acho que a vingança é um assunto colocado sempre de maneira muito pejorativa, de maneira que nos esquecemos que assim como o amor, o ódio, raiva, angústia e dentre vários sentimentos já nomeados pela humanidade, fora os que não foram ainda,  a vingança também faz parte do Ser Humano, porém temos vergonha, por algum motivo, de assumirmos isso. Motivo: quem sabe?! Talvez vergonha e o velho sonho humano de ser bom ou mesmo... puro.

Todavia, neste livro temos o tema vingança de maneira majestosa, o que lembra bastante Dostoiévski e sua turma russa, dos quais sempre frisaram em suas obras que o ser humano não é bom, nem mau completamente, mas sim... Humano.

E assim, provavelmente essa é a ideia principal Dantès, ele não é um personagem perfeito, obviamente, ao início sim: ele é jovem, apaixonado, ainda banhado pelo mar e sonhos não realizados. Porém, conforme passa pela prisão, tendo que forçosamente pela mudança constante de seus ideias, temperado pela desesperança, perda e de estar perdido em um lugar que não se pode deslocar, ele passa a endurecer. Ao encontrar Abade Faria, este dado como apenas um “velho louco”, mas tão importante para dar procedimento em sua vingança, uma vingança totalmente elegante, educada, sedutora e misteriosa.

 

A questão é que ao fim desse livro, o questionamento que perdurou foi qual o limiar que separa o conceito e sentimento de vingança e justiça? 

               

Bibliografia utilizada:

 

Biografia de Alexandre Dumas:

https://www.ebiografia.com/alexandre_dumas/

 

Literatura Fundamental:

https://www.youtube.com/watch?v=fC_9Fv6-kb4&t=1326s

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